O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso emocionado na manhã de quinta-feira (10), causando reação do mercado financeiro. Na sede do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, na presença dos grupos de transição do governo, o petista chorou afirmando que a prioridade de seu governo será o combate à fome e falou, entre outros assuntos, da incompatibilidade entre assistência social e responsabilidade fiscal. “Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país?”, questionou Lula.
Segundo o petista, o atual governo Bolsonaro deixou de lado fatores importantes para a população brasileira em nome da responsabilidade fiscal e afirmou que há gastos do governo que precisam ser considerados investimento. “Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país?”, disse. “Por que o povo pobre não está na planilha da discussão da macroeconomia? Por que a gente tem meta de inflação e não tem meta de crescimento?”, continuou.
Emocionado, Lula repetiu o discurso de seu primeiro e segundo mandatos: “Se quando eu terminar esse mandato, cada brasileiro tiver tomando café, almoçando e tiver jantando, outra vez, eu terei cumprido a missão da minha vida”, disse o presidente eleito com a voz embargada em lágrimas.
A reação do mercado financeiro, porém, não foi positiva: o Ibovespa fechou a quinta-feira com queda de 3,35% e o dólar foi a R$5,40, maior valorização percentual diária desde março de 2020.
A resposta do mercado se dá frente ao discurso de Lula e ao anúncio feito por Geraldo Alckmin sobre os seis novos grupos de transição do governo, incluindo Comunicações, Direitos Humanos, Igualdade Racial, Planejamento, Indústria e Comércio e Mulheres.
Lula afirmou que só vai divulgar os nomes do primeiro escalão quando voltar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), no Egito, dia 19 de novembro. “Estou mais preocupado do que vocês, mas ainda não posso contar”, disse ao ser questionado sobre os nomes mais cotados para o Ministério da Fazenda – Henrique Meirelles, Fernando Haddad e Alexandre Padilha.