Em visita à Itália, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido nesta quarta-feira (21) pelo Papa Francisco, no Vaticano, para uma “boa conversa sobre paz no mundo”. O encontro a portas fechadas durou cerca de 45 minutos e foi um dos vários compromissos do petista no país. Mais cedo, Lula almoçou com o presidente italiano, Sergio Mattarella.
Em nota, o Palácio do Planalto disse que os principais assuntos do encontro foram a busca pela paz, a preservação ambiental e a redução da fome e da pobreza no mundo — não houve qualquer menção explícita à guerra na Ucrânia. Nos últimos dias, fontes próximas ao presidente haviam indicado que Lula desejava conversar com o Papa sobre uma solução pacífica para o conflito com a Rússia. O brasileiro busca promover sua proposta de “cessar fogo”, conduzida por um grupo de paz que reúna países dispostos a negociarem uma saída.
Acompanhado da primeira-dama Janja da Silva, Lula deu ao Papa uma gravura da Sagrada Família feita pelo artista pernambucano J. F. Borges. Janja presenteou o líder religioso com uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da Amazônia. O casal fez um convite para que o Pontífice viaje ao Pará para participar do Círio em outubro deste ano , mas a confirmação vai depender do estado de saúde do Papa Francisco, que recebeu alta do hospital recentemente.
O religioso argentino também presenteou Lula e Janja com uma arte de bronze com a frase “A paz é uma flor frágil”, junto com uma cópia de sua Mensagem da Paz para 2023, do documento sobre a Fraternidade Humana e do livro com a oração que fez em uma Praça de São Pedro deserta, em 27 de março de 2020, rezando pelo fim da pandemia. “Estamos em tempos de guerra e a paz é muito frágil. Queria te presentear com isso, que fazemos aqui nas nossas oficinas”, disse o Papa, em vídeo compartilhado pelo Palácio do Planalto.
Esse foi o segundo encontro entre o presidente brasileiro e o Papa desde que Francisco ascendeu ao Trono de São Pedro em 2013, dias após seu antecessor, Bento XVI, abdicar da função. O Pontífice, que teve alta na sexta após uma internação de nove dias devido a uma cirurgia no abdômen, havia recebido Lula no Vaticano em fevereiro de 2020, cerca de 90 dias após o petista ser solto da prisão em Curitiba, onde passou 19 meses.
A viagem foi a primeira que Lula realizou após reconquistar sua liberdade, e chegou a precisar pedir autorização da Justiça para fazê-la. Na época, a negociação foi feita por intermédio do presidente da Argentina, Alberto Fernández, um aliado de longa data do petista — o conterrâneo solicitou que o Pontífice recebesse o brasileiro, pedido acatado em questão de semanas. Desta vez, o convite partiu do Vaticano.
*com informações de O Globo