O casal de brasileiros que efetuava cirurgias plásticas no porão de uma casa em Framingham, MA, foi preso e responderá processo por prática ilegal de medicina
Luiz Carlos Ribeiro, 49, e sua mulher, Ana Maria Miranda Ribeiro, 49, não foram acusados pela morte de Fabiola de Paula, mas foram indiciados pela Corte Distrital de Framingham nesta segunda-feira (1) por uso ilegal de medicamentos e por prática de medicina sem licença estadual.
Nenhum deles falou sobre o acordo, embora Ana Ribeiro soluçasse bastante durante a audiência. Os dois alegaram não ser culpados pela morte da moça de 24 anos de idade, natural do Suazerlândia, interior de Goiás. “O único propósito deles virem para cá era efetuar cirurgias plásticas no porão de um condomínio”, acusou o promotor de Justiça Lee Hettinger.
O juiz Robert Greco estabeleceu uma fiança de $250,000 para Luiz Ribeiro e $50,000 para sua mulher, mas nenhum deles pagou fiança e tiveram de passar a noite no xadrez. Além disto, tiveram de entregar seus passaportes para a polícia.
Por volta das 4:50 da tarde de domingo (30), Maristela Pena Borges e o casal Ribeiro correu para o MetroWest Medical Center do campus de Framingham Union com Fabíola, no carro de Maristela. A moça não estava respirando e Luiz Ribeiro estava tentando reanimá-la, disse Hettinger.
Maristela é filha de Ana Célia Sielemann, uma ex-paciente do casal Ribeiro. Alliás, foi na casa de Ana Célia é que foi reallizada a cirugia plástica. Maristela vive com sua mãe e levou o marido e a esposa, juntamente com Fabíola, para o hospital quando ela parou de respirar.
Maristela revelou aos médicos que o casal Ribeiro havia injetado glicose, lidocaína e outras substâncias no organismo de Fabíola antes de executar a lipoaspiração nela no porão de sua casa, localizada na 201 Bishop Drive.
Os médicos não conseguiram salvar a vida de Fabíola, disse Hettinger. Um médico da sala de emergência disse à polícia ter encontrado evidências de um procedimento de lipoaspiração sendo realizado em Fabíola. “Ela morreu depois das substâncias terem sido injetadas no corpo da vítima por Luiz Ribeiro”, comentou Hettinger.
Luiz Ribeiro contou à polícia que ele e sua esposa vieram para os Estados Unidos para realizar cirurgias plásticas, Hettinger revelou. Ribeiro garantiu ser um médico licenciado no Brasil, enquanto sua esposa é enfermeira. Ambos estavam com um visto de 30 dias para permanecer nos Estados Unidos, afirmou o promotor.
A polícia foi ao apartamento onde a cirurgia foi realizada, mas encontrou o quarto completamente limpo, sem nenhum traço visível de sangue. O laboratório da polícia estadual usou elementos químicos para encontrar sangue. “Havia uma tremenda quantidade de proteína de sangue no porão”, confirmou Hettinger.
Os investigadores encontraram ainda um saco preto com equipamento cirúrgico numa lixeira e descobriu uma tábua de massagem usada como mesa hospitalar numa casa em Holliston, falou Hettinger. Um membro da família de Ana Maria Ribeiro vive em Holliston, mas as autoridades não especificaram em que local a tábua foi encontrada.
Apesar do casal Ribeiro não ter sido indiciado pelas mortes, Hettinger pediu $500,000 de fiança para os dois . O promotor disse que os resultados da necrópsia de Fabíola não estavam disponíveis e as causas da morte não haviam sido determinadas.
Fabíola não é a única pessoa que se submeteu à cirugia plásticca ilegal. Eram cobrados em torno de $3,000 dos pacientes por cada cirurgia. Na semana passada, uma mulher teve rinoplastia (cirugia do nariz), enquanto outra teve lipoaspiração”, afirmou Hettinger. Segundo ele, a mullher da lipoaspiração “teve uma infecção severa e está hospitalizada”, acrescentou o promotor.
De acordo com uma declaração feita na corte de Massachusetts para a sargento Kerry McHugh, Maristela disse que conhece o “Dr. Luiz” há dois anos, e tinha vindo para o país antes disto. Ela contou que ele vinha fazendo “cirurgias estéticas” na área por três anos.
Luiz Ribeiro foi acusado de prática ilegal de medicina. Ele e sua esposa foram também acusados com múltiplas acusações de distribuição de substância Classe A — lidocaína — e de substância Classe C — clonazepam. A lidocaína pode ser usado como anestésico local. O clonazepam pode ser usado como sedativo.
Hettinger disse que Luiz Ribeiro obteve os medicamentos ilegalmente, mas não disse como.
O casal deverá se reapresentar à corte no dia 28 de agosto.
A polícia pediu a quem tiver se submetido à cirurgia executada pelo casal Ribeiro para ligar para a polícia de Framingham pelo telefone 508-620-4923