Momentos antes da premiação do Oscar, os atores e atrizes indicados receberam um alerta nas redes sociais sobre os prejuízos que a extração ilegal de ouro causou para os povos indígenas Yanomami, no Brasil. Falando em idioma tupi, Junior Hekurari Yanomami, líder da Associação Yanomami Urihi, sugeriu a troca da estatueta da premiação, produzida em ouro 24 quilates, por uma de madeira simbolizando o deus Omama, protetor da tribo. “Ouro é um símbolo de sucesso para você, mas, para nós, é um sinal de morte. Por isso que o nosso povo, os Yanomami, estão contando a Hollywood o custo do ouro e enviando uma alternativa sem ouro. Por favor, nos ajude”, disse Junior na gravação que é parte de uma campanha chamada “The Cost of Gold”. Em 2021, 54% do ouro comercializado no Brasil tinha indícios de origem ilegal e a exploração irregular se intensificou nas terras Yanomami, em Roraima.
Em janeiro passado, uma crise humanitária na tribo fez com que o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva decretasse Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional para combater a desassistência sanitária da comunidade. Dados do governo pontam que 99 crianças indígenas morreram somente em 2022 por contaminação por direta com mercúrio, e outras consequências como desnutrição, pneumonia e diarreia. “Todos os participantes deste prêmio podem e já ajudaram muitas vezes a moldar o comportamento do mundo. Eles precisam saber o real custo do ouro ilegal e ajudar a espalhar esta mensagem, para que possamos ver a mudança”, disse Junior.