Sul da Flórida serviu como experiência em programa que se tornou nacional
Usando o Sul da Flórida como ponta de lança, as autoridades federais lançaram nacionalmente este mês um sistema de computadores para detectar solicitações suspeitas ao Medicare e tentar evitar que bilhões de dólares sejam desviados.
Funciona como os sistemas de cartões de crédito que alerta sobre compras suspeitas — tais como 20 pares de sapatos ou vendas em grande quantidade — para ajudar a bloquear os criminosos de usar cartões ou identificações roubadas.
Chamado de “modelo previsível”, o novo sistema federal examinará milhões de solicitações de Medicare emitidas diariamentes em busca de sinais de fraude enquanto trabalha sobre denúncias feitas por pessoas e sobre uma base de dados de suspeitos.
Uma força tarefa para combater fraudes, baseada em Miramar, mostrou o caminho ao usar análises por computador para auxiliar a detectar os autores das fraudes que recrutam pacientes cúmplices ou usam identificações roubadas para preencher solicitações falsas. Este sistema implantado no sul da Flórida expandiu-se nacionalmente.
“Este sistema nos dirá onde estão concentrados os piores pontos no país”, disse Peter Budetti, líder da iniciativa anti-fraude do Medicare. “Agora que temos os dados nacionalmente podemos verificar simultaneamente se alguém no sul da Flórida que está fazendo este esquema não pode também estar como um esquema semelhante em Buffalo ou Albuquerque para evitar ser detectado. Estes problemas migram de uma parte para outras do país com extrema facilidade”, explicou.
Na verdade, os investigadores no sul da Flórida descobriram redes criminosas que se estendem de Miami a Detroit, Houston e Los Angeles, onde autoridades federais montaram forças tarefas similares. Apenas no último mês, as investigações levaram a acusações contra 21 suspeitos de fraudes acusados de desviar do Medicare mais de US$23 milhões. Quinze dos suspeitos eram do Michigan e seis do sul da Flórida.
Uma semana depois, o Dr. Rene De Los Rios, médico de Miami de 72 anos, foi condenado a 20 anos de prisão por usar diversas instalações médicas, incluindo clínicas de injeção de HIV falsas, para cobrar do Medicare US$46 milhões em solicitações inexistentes.
Nos últimos nove meses, os promotores públicos federais no sul da Flórida processaram 102 réus por submeter US$441 milhões em solicitações fraudulentas, de acordo com o Escritório do secretário da Justiça dos EUA em Miami. Desde março de 2007, as forças tarefas antifraude do Medicare em todo o país processaram mais de 1.000 acusados que cobraram mais de US$2.3 bilhões em solicitações fraudulentas. Somente no sul da Flórida o total foi de US$1.85 bilhão. Ninguém sabe quanto dinheiro foi desviado do Medicare por fraude, mas calcula-se que chegue a US$60 bilhões por ano, mais de um décimo do total de gastos do programa.