O juiz da 1ª Vara Criminal de São Paulo, Paulo Antonio Rossi, deve encaminhar pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo de extradição para o Brasil dos fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo
O juiz da 1ª Vara Criminal de São Paulo, Paulo Antonio Rossi, deve encaminhar pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo de extradição para o Brasil dos fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Sônia Haddad Moraes Hernandes e Estevam Hernandes Filho. Os dois foram detidos ontem em Miami (Estados Unidos) por declararem falsamente à alfândega norte-americana que não carregavam mais de US$ 10 mil. O casal portava, entretanto, US$ 56 mil em espécie.
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Bispa Sônia, da Renascer
O dinheiro estava escondido até na capa de uma Bíblia encontrada na bagagem da bispa Sônia –como ela é chamada na Renascer.
O juiz acatou hoje o pedido feito pelo Ministério Público Estadual de São Paulo e decretou a prisão preventiva do casal. Os promotores alegaram que Sônia e Estevam continuaram cometendo o crime de lavagem de dinheiro mesmo respondendo a processo no Brasil.
Como o casal está impedido de deixar os Estados Unidos até a conclusão do processo que responde lá, o juiz deve encaminhar o pedido de extradição deles ao STF (Supremo Tribunal Federal), que encaminha o requerimento para a Justiça norte-americana.
A expectativa é que o casal Hernandes tenha de ficar por pelo menos duas semanas em território norte-americano. A Polícia Federal informou que se o pedido de prisão preventiva for mantido, deve emitir um alerta aos principais aeroportos para efetivar a prisão deles assim que retornarem ao Brasil.
Segundo promotores do Gaeco (Grupo de Atuação de Repressão ao Crime Organizado), o pedido de extradição é uma etapa seguinte e natural do processo.
Prisão
A Folha Online apurou que Hernandes ainda estaria detido numa prisão federal da Flórida e Sônia teria sido liberada pelo FBI (Federal Bureau of Investigation). Ontem, o Departamento de Imigração dos EUA informou que o casal pagou uma fiança de US$ 100 mil e foi liberado.
Hoje, entretanto, fontes que acompanham o caso informaram que Estevam responde por dois crimes nos Estados Unidos: lavagem de dinheiro e declaração falsa. Como ele assumiu sozinho ontem a responsabilidade pela entrada dos US$ 56 mil, acabou ficando detido. Esse crime, segundo fontes que acompanham o processo no Brasil, seria inafiançável.
Equívoco
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Apóstolo Estevam Hernandes
O advogado dos fundadores da Renascer, Luiz Flávio Borges D’Urso, negou ontem a prisão do casal. Ele sustentou que Estevam e Sônia foram somente detidos pela polícia americana porque teriam cometido o que chama de equívoco na declaração de valores à alfândega.
“Por um equívoco no preenchimento da declaração aduaneira quanto aos valores transportados pela família, foram chamados a prestar esclarecimentos perante as autoridades locais”, afirma o advogado, que fez as declarações em nome do casal.
Procurado hoje pela reportagem, ele informou que deve dar uma coletiva de imprensa ainda nesta quarta-feira para comentar o caso.
No Brasil
Sônia e Estevam conseguiram embarcar para os Estados Unidos porque obtiveram no final de dezembro uma liminar no STJ (Superior Tribunal de Justiça) revogando o pedido de prisão preventiva que havia contra eles. Até então, eles eram considerados foragidos.
No Brasil, Sônia e Estevam são acusados de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, evasão de divisas e estelionato. Os crimes envolveriam as doações feitas pelos fiéis e a abertura de “empresas fantasmas”. Saiba quais são as acusações contra os fundadores da Igreja Renascer
Segundo o Gaeco, o Ministério Público Estadual de São Paulo irá pedir para o casal também ser investigado nos Estados Unidos pelo crime de lavagem de dinheiro.
No Brasil, a Justiça já havia bloqueado alguns bens do casal, como um haras na região de Atibaia (SP). Apesar de o casal possuir uma fortuna estimada em R$ 19 milhões, como uma mansão na Flórida, a igreja acumula dívidas de R$ 12 milhões –como os aluguéis dos vários templos da Renascer.
Para os promotores do Gaeco, a prisão deles com o dinheiro não declarado nos EUA confirma as práticas cometidas no Brasil.