A descoberta de novos documentos secretos do governo americano na residência particular do presidente Joe Biden, em Delaware, levou o Departamento de Justiça a abrir uma investigação sobre o caso na última quinta-feira (12). O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, nomeou o procurador especial Robert Hur, ex-promotor federal, para analisar “se alguma pessoa ou entidade violou a lei”. Segundo apuração da CNN, os primeiros arquivos encontrados são datados de 2013 a 2016, quando Biden era vice-presidente de Barack Obama. Entre os arquivos estão memorandos de inteligência dos EUA e materiais informativos sobre Ucrânia, Irã e Reino Unido.
Em 9 de janeiro, o canal de notícias CBS News reportou pela primeira vez que o advogado do presidente, Richard Sauber, havia encontrado 10 documentos sigilosos em um escritório no Centro Penn Biden para Diplomacia e Engajamento Global, instituição de Biden ligada à Universidade da Pensilvânia e sediada em D.C. Segundo a reportagem, os arquivos foram descobertos em 2 de novembro de 2022, pouco antes das eleições de meio de mandato, quando a equipe do advogado desocupava o espaço. Sauber disse ao veículo americano que notificou imediatamente o NARA, departamento responsável por arquivos e registros nacionais.
Após a descoberta, Sauber decidiu inspecionar a residência privada do democrata em Wilmington, Delaware, onde encontrou outra leva de arquivos confidenciais, entregue às autoridades na quarta-feira (11). Os documentos secretos estavam na garagem de Joe Biden, perto do carro modelo Corvette Stingray 1967, conforme declarou o presidente em entrevista coletiva na quinta-feira (12). “‘Meu Corvette fica em uma garagem fechada, ok? Não é que isso foi encontrado no meio da rua”, defendeu.
No sábado (14), um comunicado publicado pela Casa Branca anunciou a localização de um terceiro lote de documentos secretos, dessa vez na biblioteca e no escritório de Biden. A nota, assinada por Richard Sauber, não detalha o conteúdo e nem o volume dos documentos.
Em posse de três lotes de registros confidenciais, Merrick Garland indicou John Lausch, secretário de Justiça de Illinois, para revisar o conteúdo dos mesmos. Ele também é o responsável pela análise dos documentos sigilosos encontrados na casa do ex-presidente Donald Trump em Mar-a-Lago, na Flórida. Com isso, Garland tenta afastar qualquer suspeita de favorecimento entre os dois casos.
Mas, enquanto os democratas defendem que Joe Biden está colaborando com as investigações, membros do partido republicano acusam a Administração Nacional de Arquivos e Registros de tratamento diferente entre os casos Biden e Trump. “O NARA soube desses documentos dias antes das eleições de meio de mandato de 2022 e não alertou o público de que o presidente Biden estava potencialmente violando a lei. Enquanto isso, o NARA instigou uma invasão pública e sem precedentes do FBI em Mar-a-Lago – a casa do ex-presidente Trump – para recuperar os registros presidenciais. O tratamento inconsistente do NARA na recuperação de registros confidenciais mantidos pelo ex-presidente Trump e pelo presidente Biden levanta questões sobre o viés político da agência”, escreveu o presidente do Comitê de Supervisão e Responsabilidade da Câmara, James Comer.
A lei dos Estados Unidos proíbe que arquivos do governo sejam mantidos em endereços privados, exigindo que “memorandos, cartas, e-mails e outras comunicações escritas relacionadas aos deveres oficiais de um presidente durante o mandato” sejam preservados pelo Arquivo Nacional americano. A legislação também determina que todos os documentos, confidenciais ou não, sejam entregues ao NARA quando um governo encerra seu mandato.