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Investigação descobre que quase mil imigrantes conseguiram a cidadania irregularmente

Nomes diferentes e falta de registro de impressões digitais são as maiores causas para os erros

DA REDAÇÃO, COM ASSOCIATED PRESS – O governo americano concedeu a cidadania por engano a pelo menos 858 imigrantes de países que representam risco para a segurança nacional ou com alta incidência de fraudes, e que possuíam ordens de deportação pendentes, informou um relatório investigativo do Homeland Security divulgado na segunda-feira (19), informou a AP.

O inspetor geral do departamento de Homeland Security descobriu que os imigrantes usaram nomes ou datas de nascimento diferentes nas suas petições para a cidadania. As discrepâncias não foram detectadas porque suas impressões digitais não constavam do banco de dados do governo.

Segundo a AP, o DHS disse em nota divulgada por email que uma revisão inicial desses casos sugere que alguns dos indivíduos que constam da lista realmente estariam qualificados para a cidadania, e que a falta de impressões digitais não constitui necessariamente fraude.

O relatório não cita os nomes dos imigrantes, mas os auditores do inspetor geral, John Roth, disseram que eles vêm de “países com interesses especiais” – aqueles que representam ameaça à segurança nacional – ou de países com alta taxa de fraude imigratória. O relatório não disse que países são esses.

O DHS afirmou que a descoberta revelou o que tem sido um grande problema para os funcionários da imigração – os registros em papel das impressões digitais não podem ser encontrados eletronicamente. O departamento disse que os funcionários estão trabalhando na digitalização desses arquivos e que eles vão revisar todos identificados como possivelmente fraudulentos.

O relatório diz que faltam pelo menos 315 mil impressões digitais de imigrantes com ordens de deportação ou que são fugitivos da lei. O Immigration and Customs Enforcement (ICE) ainda não revisou cerca de 148 mil desses casos para acrescentar as impressões digitais ao registro digital.

A diferença é porque os registros antigos em papel nunca foram acrescentados ao banco de dados de impressões digitais criado pelo extinto Immigration and Naturalization Service (INS) e pelo FBI nos anos 1990. O ICE, órgão responsável pela detenção e deportação dos imigrantes vivendo ilegalmente no país, somente começou a acrescentar eletronicamente os registros de impressões digitais dos imigrantes detidos regularmente a partir de 2010.

O governo sabe do problema e de seu impacto sobre as decisões tomadas a respeito de naturalizações desde 2008, quando um agente do Customs and Border Protection (Polícia Alfandegária e de Fronteira) identificou 206 imigrantes que usaram diferentes nomes ou outras informações biográficas para obter a cidadania ou outros benefícios imigratórios, mas poucos casos foram investigados.

O relatório diz que promotores federais aceitaram a denúncia de dois casos criminais, que resultaram na perda da cidadania para os imigrantes. Mas outros 26 casos foram recusados. O ICE investiga mais 32 casos depois de dar por encerradas 90 investigações.

Autoridades do ICE disseram aos auditores que o departamento não foi atrás de muitos dos casos no passado porque os promotores federais “geralmente não aceitam casos de fraude para benefícios imigratórios.” O ICE disse que o departamento de Justiça agora aceita casos relacionados a pessoas que tenham obtido privilégios de segurança, que trabalhem em posições que envolvem a confiança pública ou em outro tipo de atividade relacionada à segurança.

Conceder erroneamente a cidadania para alguém com ordem de deportação pode ter sérias consequências, porque cidadãos americanos podem candidatar-se a empregos sensíveis com relação a assuntos de segurança pública.

Pelo menos três dos imigrantes que se tornaram cidadãos conseguiram liberação para trabalhar no transporte aéreo, o que garante a eles o acesso a áreas restritas em aeroportos, portos e embarcações. As credencias foram revogadas quando descobriu-se que eles haviam conseguido impropriamente a cidadania.

Uma quarta pessoa é agente de segurança da lei.

O relatório conclui recomendando que todos os casos em questão sejam revistos e que as impressões digitais relacionadas a eles sejam acrescentadas ao banco de dados do governo, e que as autoridades criem um sistema que que avalie cada caso de indivíduos que tenham obtido a cidadania de forma inapropriada. O DHS aceitou as recomendações e disse que o departamento já está trabalhando para implantar as mudanças.

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