O Departamento de Justiça dos EUA anunciou no último dia 28 de agosto a extradição do investidor brasileiro Marcos Eduardo Elias, que havia sido preso em junho na Suíça. Ele é acusado de participar de um esquema financeiro sofisticado que desviou $750 mil de um banco em Nova York.
Marcos Eduardo Elias foi detido na Suíça a partir de investigações feitas pelo FBI. Segundo as autoridades americanas, ele comandava um esquema de fraude sofisticado que envolvia uma empresa de fachada no Panamá, além de uma conta bancária em Luxemburgo.
“Fingindo ser funcionário do titular da conta, o suspeito supostamente roubou centenas de milhares de dólares que não lhe pertenciam. Ele agora foi trazido de volta aos Estados Unidos para enfrentar a justiça e devolver o dinheiro que roubou”, disse em comunicado o diretor-assistente do FBI, a polícia federal americana, William F. Sweeney Jr.
Desde pelo menos 2012, uma empresa brasileira ligada a Elias mantinha uma conta em uma instituição financeira com sede em Manhattan. A partir de junho de 2014, o suspeito esteve em correspondência com um vice-presidente sênior do banco para falar sobre essa conta. Esse funcionário do banco então começou a receber e-mails supostamente de um funcionário da empresa correntista instruindo-o a transferir o dinheiro do banco americano para uma conta em Luxemburgo que parecia estar em nome do mesmo cliente.
Segundo a investigação, essas mensagens foram enviadas a partir de um endereço de e-mail criado no mesmo dia do envio e que continha instruções falsas com a assinatura falsificada do funcionário da empresa correntista.
Como resultado da documentação falsa fornecida ao banco, em 15 de julho de 2014, foram transferidos $752.000 da conta americana para a conta de Luxemburgo. Na realidade, o verdadeiro cliente não autorizou a transferência fraudulenta, não tinha contas em Luxemburgo e não enviou os e-mails solicitando a operação.
A conta de Luxemburgo era propriedade de Marcos Elias e foi aberta em nome de uma empresa do Panamá criada na semana anterior à transferência. Segundo a Justiça americana, o mesmo suspeito tentou fraudulentamente obter dinheiro de uma segunda instituição financeira sediada em Manhattan, usando o nome e o passaporte de um correntista, também sem autorização.
‘Prodígio’
Com extenso currículo na área financeira, Marcos Elias atua no mercado de ações há 25 anos – aos 22 ele já era analista financeiro. Formado em engenharia mecatrônica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Elias é mestre em Direito pela Fundação Getúlio Vargas e MBA em administração de empresas pela University of Pittsburgh, da Pensilvânia. Por sua trajetória acadêmica e de mercado, era considerado um prodígio.
Elias se gabava por ter ingressado no mercado de trabalho aos 14 anos, como atendente em uma rede de fast food, de onde migrou para um restaurante para trabalhar como garçom.
Considera-se empreendedor desde os 16 anos, quando começou a dar aulas particulares “de matemática, física e química, porque gostava e era muito bom”. Logo depois, passou a dar aulas em cursinho pré-vestibular. Mas sua aventura na docência durou apenas até começar a apostar no mercado de ações.
Vaidoso, Elias se vangloriava por ter acumulado seu primeiro milhão de reais antes dos 30 anos com operações no mercado acionário. Com este perfil, aos 30 anos alcançou o cargo de analista-chefe do banco francês BNP no Brasil. (Com informações do G1).