Instituto de pesquisas econômicas revela que imigrantes indocumentados pagam bilhões de dólares em impostos por ano
DA REDAÇÃO (com Agências) – Uma das razões para o sucesso da campanha de Donald Trump para concorrer à vaga Republicana que vai disputar presidência dos Estados Unidos em novembro é a forma com que ele trata os imigrantes indocumentados. Nenhum candidato consegue se aproveitar tanto da ideia polêmica que alguns conservadores fazem dos imigrantes indocumentados, de que são pessoas que estão aqui para tirar proveito do País sem dar nada em troca.
Um dos argumentos que ele usa para capitalizar essa impressão é o custo desses imigrantes, ao afimar que os imigrantes não pagam impostos e e se beneficiam de “créditos fiscais de graça”. Mas, como boa parte do que diz o bilionário, os fatos não confirmam essa tese.
Imigrantes indocumentados pagam cerca de $12 bilhões em impostos federais anualmente. Isto só para o Tio Sam. Um relatório recente do Institute on Taxation and Economic Policy mostra que eles também gastam bastante com impostos locais, $11,6 bilhões por ano. E esse valor ainda aumentaria bastante caso acontecesse uma reforma imigratória séria.
Os imigrantes contribuem de várias formas: nos impostos sobre venda de mercadorias, impostos prediais e de renda.
A mais óbvia forma de contribuição é no comércio de mercadorias, recolhido toda vez que o imigrante vai às compras de bens ou serviços. Toda vez que um imigrante gasta seu dinheiro comprando roupas, papel higiênico ou gasolina, uma parte desse dinheiro vai para os cofres municipais e estaduais.
Eles também pagam impostos prediais, seja por propriedade de um imóvel ou indiretamente, através do valor do aluguel.
A terceira via de pagamento de impostos é o imposto de renda federal e, em alguns casos, estadual. Essa é mais sutil. A ideia geral do modo como os imigrantes indocumentados são pagos é a de que tudo é feito por debaixo dos panos – os trabalhadores aceitam receber salários menores em troca de não ter sua situação irregular revelada. Mas há estudos comprovando que pelo menos a metade dos indocumentados pagam imposto de renda usando números de Social Security falsos ou individual taxpayer identification numbers (ITIN – código para cadastrar pessoas que não se qualificam para um número de Social Security, como estangeiros autorizados a trabalhar ou com empresas em solo americano). Alguns declaram impostos, outros não. De todo modo, tanto o imposto de renda como o imposto sobre a folha de pagamentos acabam descontados de seu contracheque, terminando nos cofres do governo.
Juntos, esses impostos todos somam $11.6 bilhões, de acordo com o relatório do ITEP.
A problema é que embora os indocumentados paguem impostos, eles recebem muito menos benefícios deles.
“A principal diferença entre os imigrantes indocumentados e os cidadãos é que ambos pagam, mas os indocumentados provavelmente não vão receber os benefícios de seus impostos na forma de Social Security quando se aposentarem”, comentou Matt Gardner, diretor executivo do ITEP, sobre o estudo.
A maioria do rendimento de impostos é gerado pelo comércio e pelos impostos prediais, que afetam desproporcionalmente pessoas de baixa renda. Os imigrantes indocumentados, em média, pagam 8% de seus rendimentos em impostos municipais e estaduais, enquanto o 1% dos contribuintes do topo da pirâmide social pagam uma média de $5,4%, segundo o ITEP.
Uma reforma imigratória melhoraria o fluxo de dinheiro para o governo. Legalizados, os trabalhadores imigrantes receberiam melhores salários, aumentando sua participação no processo tributário. Isso significaria mais dinheiro para o governo.
O ITEP avalia que se as ordens executivas de Obama entrarem em vigor cerca de $800 milhões por ano serão recolhidos a mais em impostos. E se a todos os indocumentados fosse dado o benefício, o aumento seria de $2,1 bilhões.