DA REDAÇÃO, COM O GLOBO – A revelação de que o presidente do Brasil, Michel Temer, foi gravado pelo dono da JBS, Joesley Batista, enquanto dava aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, está repercutindo na imprensa internacional.
A imprensa internacional repercute nesta quinta-feira (18) a notícia adiantada pelo jornal O Globo ressaltando que Temer enfrenta a maior crise da sua curta presidência com pedidos de impeachment. As publicações também relataram as citações ao senador Aécio Neves e ao ex-ministro Guido Mantega nas reportagens divulgadas na noite de quarta-feira.
Na Argentina, o jornal “La Nación” diz que o Brasil está em choque com a gravação oculta que compromete Temer. A notícia foi chamada de “uma bomba política de consequências imprevisíveis” pela publicação, pouco após o país ter vivido uma aguda crise política com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
“Uma bomba política de consequências imprevisíveis se instalou à noite no Brasil e ameaça a sobrevivência do governo de Michel Temer, que assumiu o poder há apenas um ano após o polêmico impeachment de Dilma Rousseff”, diz o jornal. “A prova de que o presidente dá estas propinas o colocam em uma delicadíssima situação judicial por respaldar um crime durante o exercício do seu mandato.”
Enquanto isso, o britânico “Guardian” ressalta a reação explosiva de alguns congressistas e de manifestantes à revelação sobre o presidente, que pedem a saída de Temer do poder. Além disso, destacou os efeitos que as novas revelações deverão ter sobre a política e a economia brasileiras, já em tempos de crise.
“A política provavelmente ficará mais paralisada — antes mesmo das últimas revelações, o governo de Temer estava em crise. Três dos seus ministros foram forçados a renunciar e outros oito estão implicados na investigação sobre corrupção da Operação Lava-Jato. Os índices de aprovação do presidente caíram a um dígito, a economia continua atolada em recessão e críticos recentemente organizaram uma greve geral em protesto às suas políticas de austeridade e propostas de mudanças para leis sobre pensões, trabalho e meio ambiente. A possibilidade de o Brasil retirar outro presidente do poder se aproxima, embora a coalizão governista tenha ampla maioria no Congressso”.
Por sua vez, o ” The New York Times” diz que os escândalos de corrupção no Brasil estão em metástase desde a saída de Dilma Rousseff. A publicação ressalta que a imagem dos líderes políticos e executivos proeminentes vem sendo duramente prejudicada.
“O governo de Temer passou de crise em crise desde a posse há quase um ano após uma prolongada batalha para retirar sua antecessora de esquerda, Dilma Rousseff. A investigação de corrupção centrada na Petrobras criou uma crise política que levou à queda de Rousseff, e os escândalos desde então entraram em metástase enlaçando dezenas de líderes políticos e executivos proeminentes”, diz o jornal.
Na França, o “Le Monde” ressalta que as novas revelações são “mais do que embaraçosas” para Temer. Além disso, o jornal relatou que protestos quase imediatos eclodiram em São Paulo e Rio de Janeiro.
“Do ponto de vista político, um período de flutuação vai se abrir. Se um procedimento de impeachment fosse desencadeado, seria necessário esperar vários meses antes de identificar um sucessor a Michel Temer, que, ele mesmo, havia sucedido a Dilma Rousseff após servir como seu vice-presidente”.