Desidratado e frágil, o homem de 71 anos com um macacão vermelho de presidiário caminha pelas ruas de Miami em busca de abrigo.
Seu nome é Heriberto Delvalle um imigrante cubano que acabou de ser libertado depois de passar mais de uma década sob custódia do Immigration and Custom Enforcement (ICE).
“É a primeira vez que experimento a liberdade em quase três décadas, então simplesmente andei e caminhei”, disse Delvalle ao Miami Herald.
Delvalle foi condenado por tentativa de homicídio no início dos anos 90, cumpriu pena de 15 anos em uma prisão na Flórida e depois foi transferido diretamente para a custódia do ICE.
Ele devia ter sido deportado, mas Cuba não o aceitou de volta e o governo dos EUA o manteve preso no país. Segundo o ICE, o homem tem uma doença mental, mas os advogados dele contestaram a alegação, segundo reportou o Herald.
“Ele se tornou uma presença tão permanente no Krome (prisão de imigrante em Miami) que os presos passaram a chamá-lo de “abuelo” (avô em espanhol)”, diz o jornal.
A decisão de libertar o cubano foi tomada pelas autoridades do ICE no último dia 26 de janeiro sob o argumento de que ele estava idoso e com problemas de saúde, o que o coloca em risco aumentado devido à pandemia de covid-19.
Agora, ele está sem teto, vagando pelas ruas de Miami.
“Este não é mais um problema de ICE, mas um problema da sociedade”, disse Juan Carlos Gomez, diretor da clínica de leis de imigração da Florida International University . “Poderia ter havido um mecanismo de um governo estadual, federal ou local. Um mecanismo para garantir que haja serviços humanos básicos para essas pessoas, mas não existem”, completou.
Por causa da pandemia, Delvalle foi posto em uma fila para uma vaga em um motel próximo ao Miami International Airport, por funcionários de uma instituição de caridade.
Devido à pandemia, quartos de hotel estão sendo utilizados como espaços de quarentena para os desabrigados.