Cinco anos depois do 11 de Setembro, o número de imigrantes muçulmanos que chega aos EUA vem registrando crescimento acentuado, segundo reportagem deste domingo do diário norte-americano “The New York Times”.
Citando número obtidos junto ao DHS (Departamento de Segurança Nacional, na sigla em inglês), a reportagem informa que em 2005 cerca de 96 mil pessoas de países predominantemente islâmicos conseguiram se tornar residentes legais permanentes nos EUA –número maior que nos 20 anos anteriores.
Desses que foram legalizados, 40 mil entraram nos EUA no ano passado, maior número desde os ataques –que destruíram as duas torres do World Trade Center, em Nova York, e atingiram o Pentágono, em Washington.
O número de imigrantes muçulmanos no país registrou um crescimento expressivo desde meados dos anos 60. Nas três décadas seguintes, a porcentagem de muçulmanos que se graduaram superou a de imigrantes de outras nacionalidades no país, e o salário médio deles é cerca de 20% maior, segundo os dados do DHS citados pelo “NYT”.
Depois do 11 de Setembro, aumentaram os casos de violência e discriminação contra a população muçulmana nos EUA. Alguns homens muçulmanos –os principais alvos, tanto da violência como do preconceito– tiveram inclusive de mudar seus nomes e um grande número de famílias se se mudou para o Canadá, diz o texto.
Segundo o diário americano, a situação hoje dos imigrantes muçulmanos tem vantagens em relação ao período pré 11/9: os centros islâmicos estão mais organizados, há cursos de inglês para os recém-chegados e a ajuda legal gratuita está mais acessível.
Mesmo assim, ainda há dificuldades: muçulmanos continuam a enfrentar longos períodos de espera nos setores de imigração de aeroportos americanos e são freqüentemente submetidos a questionamentos, diz a reportagem.
Queda, depois crescimento
Nem o DHS nem o Escritório do Censo dos EUA questionam sobre religião, por isso, o número de muçulmanos é baseado nos dados sobre a chegada de imigrantes de países onde predomina a religião islâmica. A estimativa é de que a população de muçulmanos no país seja de até seis milhões de pessoas, diz o “NYT”.
Logo após o 11 de Setembro, o número de imigrantes desses países caiu –o número de turistas, estudantes e outros não-imigrantes também caiu, quase pela metade, diz o texto, com destaque para os oriundos do Paquistão, Marrocos e Irã.
Isso tanto porque o Departamento de Estado e o DHS reforçaram as normas de segurança como porque menos pessoas desses países procuraram obter vistos para os EUA.
A partir de 2004, no entanto, a imigração de muçulmanos voltou a crescer: os novos imigrantes de Bangladesh, da Turquia e da Argélia cresceram em 20%, segundo o Escritório do Censo, devido principalmente a um aumento no número de pedidos de visto –mais do que a um relaxamento nas restrições de segurança, disse o porta-voz do Serviço de Imigração e Cidadania dos EUA, Chris Bentley, ao “NYT”.