DA REDAÇÃO – Pelo menos 250 estudantes estrangeiros foram detidos em uma operação arquitetada pelo ICE. Esta iniciativa, porém, não exigiu da agência qualquer ação na fronteira ou mesmo agentes armados. As prisões foram efetuadas graças a um esquema envolvendo uma universidade falsa criada pelas próprias autoridades federais em Farmington Hills, no Michigan.
Explica-se: a tal instituição de ensino não tinha funcionários, professores, currículo nem aulas, mas foi utilizada por agentes secretos do Departamento de Segurança Nacional para atrair e identificar pessoas envolvidas em fraudes de imigração. Mais de 600 estrangeiros, a maioria deles da Índia, usaram a suposta universidade para garantir o visto de estudante nos Estados Unidos e, consequentemente, a permanência ilegal no país, mesmo sabendo que não receberiam instrução.
A operação foi apelidada de “Paper Chase” e começou a ser idealizada secretamente há vários anos, mas ganhou força assim que o presidente Donald Trump assumiu o cargo, tendo como um de seus carros-chefes a repressão à imigração ilegal. Muitos dos detidos já optaram pela saída voluntária dos EUA e outros estão prestes a receber a ordem de remoção final. Todos têm entre 20 e 32 anos de idade e foram atraídos, principalmente, pela promessa de permissão de trabalho para os inscritos.
Segundo o ICE, os estudantes foram inicialmente admitidos na América para frequentar uma escola certificada pelo Programa para Estudantes e Visitantes de Intercâmbio, mas depois foram transferidos para a suposta Universidade de Farmington, que não oferecia qualquer tipo de programa acadêmico ou profissional. “Como a escola não oferecia cursos, os inscritos estavam simplesmente usando o programa F-1 como um esquema de pagamento para estadia nos EUA”, esclarece o comunicado da agência.
A iniciativa do ICE gerou muitas críticas, sob o argumento que os estudantes não deveriam ser punidos porque foram atraídos para uma armadilha. Para Rahul Reddy, advogado de Houston que representou ou aconselhou cerca de 80 dos envolvidos, os acusados não receberam os mesmos direitos nos processos de deportação, o que dificultou a defesa. As autoridades federais, porém, justificaram que as escolas disfarçadas fornecem uma perspectiva única para entender as maneiras pelas quais estudantes e recrutadores tentam explorar o sistema de vistos de estudante não imigrante.
Esta não foi a primeira operação do ICE com uma universidade falsa. Em um caso semelhante em 2016, mais de mil estudantes internacionais foram presos e mandados de volta aos seus respectivos países. ν