O Immigration and Customs Enforcement (ICE) prendeu 35 imigrantes indocumentados na ‘mega’ operação anunciada aos quatro cantos pelo governo na semana passada, quando o objetivo era deter pelo menos dois mil imigrantes. As informações foram confirmadas ao New York Times pelo Departamento de Homeland Security (DHS).
Nos dias que antecederam a operação Border Resolve, o presidente Donald Trump informou que imigrantes indocumentados que atravessaram a fronteira, crianças desacompanhadas dos pais e indivíduos com ordem de deportação em aberto eram alvos da operação.
Oficiais do DHS e do ICE acreditam que a ampla divulgação contribuiu para o fracasso da operação. “Avisos de uma operação em larga escala deu aos indocumentados o tempo suficiente para obter conselhos de advogados, como não abrir a porta em caso de o ICE bater. As mídias sociais também foram um instrumento de divulgação das operações, o que também prejudicou”, disse Matthew Albence, atual diretor do ICE. “A ampla divulgação prejudicou o trabalho. Normalmente, você não ouve com antecedência que o ICE está prestes a realizar uma operação”, acrescentou.
Mas se engana quem pensa que o ICE está prendendo poucas pessoas. De maio deste ano até julho, 934 imigrantes foram detidos, a maior parte com passagem pela polícia, de acordo com o órgão federal.
‘Ninguém abriu a porta’
Moradores de Houston, no Texas, por exemplo, ouviram batidas em suas portas logo cedo na segunda-feira (15), mas ninguém abriu a porta.
Pouco antes das 7 da manhã de segunda-feira, uma senhora identificada como ‘Garcia’ estava saindo para o trabalho quando avistou quatro agentes do U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE). Garcia, que vive em uma grande comunidade hispânica em Houston, tirou fotos dos agentes, postou em seu Facebook e alertou a comunidade sobre a presença do ICE.
“Nós sabíamos que as batidas iriam acontecer, mas nunca imaginei que seriam na nossa vizinhança. Aqui não existem criminosos, nós fazemos o background check de todos. São trabalhadores”, comentou a síndica do condomínio.
Uma família de Honduras, por exemplo, recebeu o aviso e, ao ouvir as batidas dos agentes, não abriu a porta. Depois de alguns minutos sem resposta, os agentes deixaram a casa. “Nós passamos a corrente na porta e não abrimos. Eu não estava assustada, fiquei com medo pelos meus vizinhos, mas ninguém abriu a porta”, disse a hondurenha indocumentada, que vive com o marido e dois filhos na comunidade.