A Polícia de Fort Lauderdale prendeu dois homens que teriam dito haver uma bomba a bordo de um avião no Aeroporto Internacional de Fort Lauderdale-Hollywood International (FLL), Flórida, na sexta-feira (16) à noite. Marcello Machado, brasileiro que vive em Pompano Beach, estava a bordo e acompanhou todo o episódio.
O carioca contou o passo a passo desse incidente que está dando muita dor de cabeça aos autores desta brincadeira sem graça. Ele chegou ao balcão da Azul Airlines bem cedo junto com seu filho porque seu voo seria às 7:30 a.m., mas não pôde viajar porque não tinha seu cartão de vacinação. Então, o filho embarcou e ele voltou para sua casa e remarcou a passagem para o voo noturno.
Marcello notou que dois rapazes que estavam à sua esquerda tiveram o mesmo problema e também não puderam viajar no voo matutino. Todos estavam a bordo no voo das 8:40 p.m. com destino ao Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).
“Sou um sujeito alto e sempre tenho problema de acomodação em poltronas de avião. Então, pedi ao comissário de bordo para me ajudar. Ele me disse para eu esperar a decolagem que me ajudaria a encontrar uma poltrona mais adequada”, disse Marcello.
No momento em que estava trocando de lugar, viu quatro policiais do condado de Broward entrarem na aeronave e pedirem para os dois rapazes que ele havia visto pela manhã deixarem o avião. Eles tentaram resistir e até houve a interferência de uma moça argumentando com os policiais que eles não haviam feito nada. Na verdade, disseram que havia uma bomba na aeronave.
“Eles repetiram a palavra bomba por duas vezes. Na segunda vez, o comissário acionou o piloto que imediatamente ligou para a Polícia. Aí, o comissário de bordo pediu para a moça se calar e disse para não interferir porque ela não sabia o que estava acontecendo. Os policiais e os comissários de bordo pediram para que todos passageiros saíssem levando apenas o cartão de embarque e o passaporte”, contou Marcello. “Aí, entraram no avião com cães farejadores. Depois, pediram para que retirássemos a bagagem de mão e fizeram outra varredura, não encontrando nenhuma bomba”, completou.
Todo esse processo demorou cerca de três horas para finalmente o avião decolar para o Brasil, sem os dois indivíduos que foram algemados pelos policiais.
Marcello contou que uma gerente de embarque da Azul lhe disse que os dois passageiros ficaram no aeroporto bebendo desde manhã. Antes, haviam tentado embarcar na Primeira Classe e ficaram irritados por terem sido impedidos. Entraram no avião com um copo de whisky. Quando o comissário de bordo informou que era proibido levar bebida alcoólica a bordo, disseram se tratar de guaraná. Após terem o copo retirado de suas mãos, constatou-se que era mesmo whisky.
Eles discutiram com o comissário de bordo em português e, pelo jeito, Marcello acha que eles moram no sul da Flórida. “Estavam tão embriagados que até fizeram gracinhas para a câmera de reportagem de uma emissora de TV (Channel 7). Soube que ainda estão na cadeia e terão de pagar uma multa pesada. Se forem portadores de green card, podem até mesmo ter o benefício revogado”, conjecturou Marcello, que não teve nenhum outro problema durante a viagem.
Na ocasião, um porta-voz do FLL descreveu o incidente como um “assunto de segurança” isolado que atingiu apenas um voo e “não teve impacto maior sobre o aeroporto”.