A chuva que caiu sobre Interlagos em São Paulo tinha tudo para atrapalhar o Grande Prêmio Brasil da temporada de 2016. Afinal, havia muita expectativa sobre o Campeonato de Pilotos ser decidido em Interlagos. Isto, porém, não ocorreu. Entretanto, os fãs da principal categoria do automobilismo mundial não têm do que se queixar. A prova tem tudo para ficar nos anais da Fórmula 1 como uma das mais significativas de todos os tempos.
ϒ Hamilton vence e adia decisão
Uma vitória simples de Nico Rosberg em Interlagos coroaria um novo campeão na categoria. A confirmação do título apenas seria evitada caso o Lewis Hamilton, detentor de três títulos e atual bicampeão pilotando a Mercedes nº 44, vencesse a prova. Para frustração do piloto alemão, o inglês realmente venceu a prova, após ter largado na pole position e nunca ser ultrapassado por nenhum adversário. Ele soube manter a concentração durante o anda e para protagonizado pelo diretor de prova que ficou indeciso entre deixar a corrida ser realizada, reduzi-la após a disputa de 2/3 do percurso e conceder os pontos para os dez primeiros colocados ou até mesmo permitir apenas que fosse disputada metade da corrida e conceder apenas metade dos pontos aos pilotos melhores colocados.
ϒ Show de pilotagem
Decisão arriscada, porém, acertada. A prova serviu para mostrar uma pilotagem segura de Hamilton que não deu chances aos adversários de se aproximarem dele. Quem deu um show de pilotagem, no entanto, foi o holandês Max Verstappen. O jovem holandês, de apenas 19 anos, já desponta como a estrela ascendente no cenário da Fórmula 1. Sua impetuosidade, às vezes, faz com que cometa erros evitáveis, como ocorreu com Sebastian Vettel no Grande Prêmio do México. Entretanto, dá gosto vê-lo a bordo do carro da Red Bull Racing mostrando todo seu talento. Mesmo sendo companheiro de equipe de Daniel Ricciardo, apontado como um bom piloto, Verstappen tme revelado a centelha que separa um bom piloto dos campeões. Destemido e com impressionante controle da máquina, não hesita em atacar os adversários e ultrapassá-los inapelavelmente. No Brasil, não ficou com o segundo lugar por causa de um erro estratégico da própria equipe que o chamou de volta ao box para colocar pneus intermediários no lugar de pneus de chuva. Ele voltou à pista voando baixo e chegou à terceira colocação, atrás apenas dos dois pilotos da Equipe Mercedes.
ϒ Rosberg ainda com a mão na taça
O Grande Prêmio de Abu Dhabi, marcado para 27 de novembro, é a última etapa da Fórmula 1 na temporada 2016. E tudo indica que Nico Rosberg se tornará o próximo campeão da categoria. Para ele conquistar o título, basta chegar ao terceiro lugar. A missão de Hamilton é bem mais difícil. Se der a lógica, Rosberg entrará em um clube exclusivíssimo formado por pais e filhos campeões da F1. Seu pai, Keke Rosberg, conquistou o título na temporada de 1982 e agora pode vibrar com a conquista de Nico. Antes deles, apenas Grant Hill e seu filho Damon foram autores desta façanha. Pelo que fez durante o ano, o alemão está mesmo merecendo celebrar esta conquista.
ϒ A despedida de Massa
Sobre a despedida de Felipe Massa, tomo a Liberdade de reproduzir o texto publicado no portal Globo Esporte, de autoria de Felipe Siqueira e Pedro Lopes: “Era o último GP do Brasil de Felipe Massa na Fórmula 1. O veterano de 35 anos deve ter pensado em diversas possibilidades para o seu capítulo final em Interlagos, autódromo onde cresceu. Apesar da limitação da Williams na temporada, quem sabe um inesperado pódio, ou até uma “corrida maluca” que o levasse a uma surpreendente vitória? Difícil era pensar em uma batida. Mas quis o destino que sua batida, a 23 voltas do fim, provocasse uma das cenas mais emocionantes da história da categoria. A imagem de Massa subindo a entrada dos boxes ovacionado pela torcida e sendo recepcionado por familiares, amigos, membros da equipe e adversários ficará na mente dos fãs da categoria. Humilde, Massa acredita que não merecia tamanha reverência. ‘Não imaginava que seria tão emocionante assim. Acho que nem merecia tudo isso, para falar a verdade. Foi um momento muito especial para mim. Será impossível de esquecer, por toda minha vida’, disse.” Realmente, acho que nem mesmo a vitória tornaria esta despedida mais emocionante.
ϒ Circuito de Interlagos pode ser privatizado
Com a economia brasileira em crise e a perspectiva de não ter um piloto brasileiro no grid da Fórmula 1 quebrando uma tradição de quase cinco décadas, são grandes as possiblidades de Interlagos deixar de integrar o calendário da categoria na temporada 2017. O prefeito eleito de São Paulo, João Doria, no entanto, disse na quarta-feira (16), que privatizará o Autódromo de Interlagos e convidará o presidente internacional da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, para participar da disputa para privatizar o autódromo. “Na semana que vem vamos fazer uma reunião com os organizadores da Fórmula 1 aqui no Brasil, eles já sabem evidentemente nossa posição, vamos convidar o Bernie Ecclestone e aqueles que são promotores internacionais da Fórmula 1 para quem sabe promover um consórcio e eles participarem do programa de privatização de Interlagos”, afirmou o prefeito eleito. Pode ser uma alternativa criativa para manter o Grande Prêmio Brasil no calendário e, ainda, transformar a venda do circuito em recursos para a Prefeitura de São Paulo. Com a vantagem adicional de Ecclestone promover outros eventos ligados ao automobilismo mundial.
ϒ Seleção Brasileira 100% sob comando de Tite
A vitória de 2 a 0 sobre a Seleção do Peru, em Lima, na terça-feira (15), serviu para manter os 100% de aproveitamento do técnico Tite à frente da Seleção Brasileira de Futebol. Desde que assumiu, o selecionado canarinho anotou 17 gols e sofreu apenas um, gol contra marcado por Marquinhos no jogo contra a Colômbia. Os números são impressionantes. Quando assumiu o cargo, o Brasil estava na modesta 6ª posição na tabela de classificação das Eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo Fifa Rússia 2018. Agora, é líder isolado com 27 pontos e praticamente garantido como participante da maior competição de futebol entre países do mundo. Por causa disto, Tite vem sendo incensado como gênio estrategista. Ele próprio, porém, faz questão de frear esta idolatria e este entusiasmo ao alertar que isto faz parte de um processo de amadurecimento e que a equipe ainda não está pronta, ou seja, ainda há muito para evoluir. Apesar da modéstia, não se pode negar que a vinda de Tite mudou o astral da Seleção Brasileira de Futebol. Ele convocou basicamente os mesmos jogadores que vinham sendo chamados por Dunga, no entanto, mudou o posicionamento deles no gramado, tirou o peso da responsabilidade excessiva sobre Neymar, quase o único a decidir as partidas a favor do escrete canarinho, e trocou Philippe Coutinho por William. O craque do Liverpool aproveitou a oportunidade e vem demonstrando mais desenvoltura do que o jogador do Chelsea. Jogando mais avançado, ele, Neymar e Gabriel Jesus compõem um trio talentoso e letal para os adversários. Aliás, o craque do Palmeiras, que já foi contratado pelo Manchester City, tornou-se o principal artilheiro do Brasil nas Eliminatórias com cinco gols. A preocupação de Tite, agora, é apenas o intervalo para a seleção voltar a atuar junta pela competição. A próxima rodada das Eliminatórias da América do Sul só será disputada em março de 2017.