Histórico

Governo liberará green cards sem aprovação total do FBI

A mudança da política do governo federal procura colocar os processos em dia diante do notável aumento de pedidos de imigração

Da redação
O governo dos Estados Unidos reduzirá a acumulação de trâmites imigratórios e outorgará milhares de residências antes que o FBI conclua a investigação de antecedentes. Os elegíveis com a medida do Departamento de Segurança Nacional (DHS) são os imigrantes cujas impressões digitais foram analisadas pelas bases de dados de antecedentes criminais do FBI, mas que ainda não foram cotejadas com os arquivos de informação criminal e de inteligência depois de seis meses de espera.
No caso dos favorecidos tiverem antecedentes ao final da investigação, o DHS retirará imediatamente o status como residente legal permanente e os deportará dos Estados Unidos.
A mudança da política do governo federal procura colocar os processos em dia diante do notável aumento de pedidos de imigração registrado antes de 1º de julho do ano passado, quando se registrou um incremento nas tarifas do Escritório de Cidadania e Serviços de Imigração (USCIS).
O sistema de verificação dos antecedentes ficou mais duro depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Mais de três anos de espera
Calcula-se que cerca de 150 mil pedidos de residência e cidadania estão demorando por causa da investigação do FBI, e pelo menos 30 mil pedidos esperam há mais de tres anos. O DHS confirmou que milhares de pessoas poderão cumprir todos os requisitos para a tramitação rápida.
Mas nem todos estão festejando as novas medidas. “É uma decisão impulsionada mais pela imperativa burocrática para reduzir o atraso do que pelas preocupações de segurança nacional”, declarou Mark Krikorian, diretor executivo do Centro de Estudos de Imigração.
O DHS argumentou que a nova política para acelerar os trâmites não apresenta nenhum novo risco de segurança, e destacou que os solicitantes de residência que serão favorecidos já contam com autorização ficar nos Estados Unidos enquanto esperam a conclusão da investigação de antecedentes do FBI.
“Não vamos fazer nada que comprometa a segurança nacional”, disse Chris Bentley, porta-voz do USCIS. “Estamos fazendo isto para outorgar benefícios o mais rápido possível às pessoas que atendem os requisitos”.
O DHS esclareceu que os peticionários de cidadania não foram contemplados neste processo rápido e terão que esperar pela investigação completa de seus antecedentes criminais por parte do FBI.
Os funcionários do DHS explicaram que a cidadania é muito mais difícil de retirar no caso da investigação final determinar que a naturalização não é viável por causa dos antecedentes.

Centenas de milhares de atrasos
Na verdade, o DHS tem 2,7 milhões de solicitações de residência e naturalização acumuladas.
O FBI não só compara os nomes com as listas de suspeitos de delinqüência e inteligência, mas também investiga os nomes de solicitantes que surgiram durante o curso de outras investigações ou qualquer relação com os suspeitos de atividades ilegais. “É um processo muito complicado”, disse Bill Carter, porta-voz do FBI. “Compreende dezenas de entidades e bases de dados e com freqüência governos de outros países”.
Embora o FBI aprove em 72 horas 70 por cento dos nomes que verifica, a entidade processa mais de 74 mil solicitações de investigação de antecedentes por semana, quase a metade da imigração.
As solicitações que não são aprovadas de imediato se submetem a uma investigação mais acurada porque os nomes são similares aos de algum suspeito.
Centenas de pessoas afetadas pelo atraso do governo com os pedidos de residência e naturalização exigiram do governo federal uma solução para a demora. No caso de algumas pessoas, o FBI os aprovou pouco depois de apresentar a demanda.
Michael Baylson, juiz federal na Filadélfia que está analisando seis demandas, recentemente expressou sua frustração com o governo por usar uma estratégia de favorecer as demoras por demandas no lugar de oferecer uma solução administrativa ordenada e transparente. “Certamente o Congresso não teve a intenção de criar um processo tão complicado, confuso e lento, mas isto foi o que ocorreu”, escreveu Baylson num arrazoado encaminhado ao presidente Bush quando ordenou ao governo em janeiro que explicasse as demoras.

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