Joselina Reis
A empresa WorldMilhas, que oferecia passagens para o Brasil mais baratas e serviço de compra e venda de milhas aéreas, pode ter dado um calote em vários brasileiros na região de Broward (FL). A empresa anunciava no AcheiUSA, que também foi lesado por ela.
O golpe funcionava da seguinte maneira: a pessoa que atendia ao telefone da empresa vendia a passagem sempre com valor bem inferior ao praticado por outras agências e emitia imediatamente o bilhete via internet em nome do cliente. O funcionário orientava o comprador a depositar o valor correspondente da venda (em média $700) em uma conta corrente particular. Assim que o dinheiro era depositado, os lesados afirmam que os responsáveis pela WorldMilhas cancelavam a venda junto à companhia aérea. A WorldMilhas também supostamente usava cartões roubados para fazer a compra com as grandes empresas de venda de passagens aéreas online.
O esquema foi descoberto em tempo pela brasileira Marilene Elage. A transação foi feita por telefone e a brasileira, que comprava uma passagem para a filha, desconfiou quando o vendedor, identificado como Joabe Ferreira, que de início insistia na venda, de repente parou de retornar suas ligações. “A compra virou uma confusão, com troca de vários telefonemas e emails e, quando eu avisei que a mim ninguém enganava, ele sumiu”, lembra. Quando Marilene procurou informar-se na internet sobre o bilhete da filha, soube que o mesmo havia custado $2 mil e a compra havia sido cancelada porque o cartão era clonado. “Agora, o nome da minha filha de 17 anos está no meio dessa bagunça”, lamenta.
Outro que também lamenta ter escolhido a WorldMilhas para comprar um bilhete é o brasileiro Jair Inácio Filho. No seu caso, ele pagou o valor da passagem e só soube que havia caído em um golpe no dia anterior ao seu embarque para o Brasil, previsto para o dia 15 de junho. “Eu estava viajando porque tenho um parente muito doente em Minas Gerais”, disse o brasileiro, muito chateado com a fraude. Jair disse que ainda conseguiu contato com o vendedor, Joabe Ferreira, e recebeu a promessa de que seria reembolsado, mas depois da promessa ninguém mais atendeu aos telefones na WorldMilhas.
O empresário Dorival Gonçalves também caiu no golpe, e já levou o caso ao Federal Trade Commission, o órgão americano responsável por fiscalizar o setor. Ele também comprou um bilhete para a filha e lamenta que o nome dela esteja no meio de uma investigação federal. “Eu depositei $700 na conta deles no banco Wells Fargo e quando fui verificar na American Airlines o bilhete havia custado $1512 e cancelado porque o cartão com o qual foi feito a venda era falso”, confirmou.
O jornal AcheiUSA também foi lesado pela agência de turismo. Os anúncios nos classificados com destaque, no valor de $48, foram pagos com cartão de crédito em nome de Vanessa Carvalho, de Orlando (FL), cujo nome também aparecia no site como sendo o contato da WorldMilhas. No entanto, duas semanas depois a proprietária do cartão cancelou a venda alegando que não havia feito o anúncio e exigindo o reembolso do valor. O AcheiUSA tentou também contatar Vanessa, mas não obteve sucesso. No anúncio, a WorldMilhas anunciava passagens aérea saindo de Miami e Orlando para São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, por $599 e $639. Os telefones divulgados eram (561) 305-5987 e (321) 710-7253.
O brasileiro George Hallas, dono da agência de turismo NewPorte Tours, lembra que há muitas pessoas explorando o mercado de venda de passagens e venda de milhas, principalmente porque não há nenhuma regulamentação ou fiscalização no setor. “São pessoas sem licença, não pagam impostos e não oferecem nenhuma garantia aos clientes”, reclama. Ele alerta a comunidade brasileira, especialmente na região de Pompano Beach, Deerfield Beach e Orlando, para que procure agências credenciadas e não intermediários. “Cuidado com os anúncios de preços super baixos. Procure saber se é uma agência licenciada e evite dor de cabeça”, adianta.
As pessoas que foram lesadas pela empresa WordMilhas e fizeram boletim de ocorrência foram orientadas pela polícia a preencher um formulário de reclamação no website www.FTC.Gov.