Por Iara C. Coscarelli
Que os imigrantes encontram muitas dificuldades ao chegar à terra do tio Sam, todos nós sabemos. E para o nosso entrevistado desta quinzena, hoje um ícone da comunidade brasileira do sul da Flórida, as coisas não foram diferentes. Com muita perseverança, fé e, principalmente, com o dom de um artista verdadeiro, ele venceu. Estamos falando de Gilson da Conceição, mais conhecido por Gilson do Cavaco ou, ainda, por Gilson do Videokê.
Gilson chegou há pouco mais de 8 anos aos Estados Unidos. Enfrentou a saudade da família e todos os outros obstáculos de estar em uma terra estranha. Hoje ele trabalha trazendo alegria à nossa comunidade, amenizando um pouquinho a saudade da terra natal por meio de uma das maiores riquezas brasileiras – a música.
Ele garante que para se vencer é preciso ter força de vontade, mas também que não se consegue nada sozinho. E encontra na família – Marcelle, sua esposa e Christopher, seu filho – a força para continuar lutando. Para Gilson, sem a ajuda e confiança de algumas empresas ele não teria alcançado o reconhecimento profissional que conquistou ao longo desses oito anos.
Como muitos outros imigrantes brasileiros, Gilson tem mais de um trabalho. Ele é agente independente da GD Money Transfers, representante da Gradiente junto à Central do Brasil, busca e leva pessoas ao aeroporto e ainda assim não perde o ânimo para fazer das noites em que trabalha em restaurantes e bares as melhores e mais divertidas da comunidade brasileira.
Nas noites de quinta, no restaurante Feijão com Arroz, em Pompano Beach, Gilson anima o famoso videokê da casa, cantando e brincando com o público que ele afirma ser fiel. Nas noites de sexta e sábado, no Baja Café, o animador e apresentador desenvolveu um trabalho diferente o dj-okê, no qual ele escolhe as músicas que o público irá cantar. Sempre muito divertido, Gilson faz com que público perca a vergonha e solte a voz de verdade.
Com caráter e personalidade fortes, o animador garante que tem suas preferências musicais como todo mundo. Mas que, como bom profissional, canta e toca o que o seu público quer ouvir. Do pai, herdou o dom de tocar cavaquinho e outros instrumentos. Sempre gostou de música, mas diz que não há nada mais gratificante que trabalhar proporcionando alegria aos brasileiros, às vezes muito carentes por estarem longe de suas famílias.
Otimista e ao mesmo tempo realista, Gilson tem saudades do Brasil. Tem esperanças de que a política e economia melhorem, mas sabe que isso não acontece da noite para o dia. Gostaria de voltar à terra natal, mas reconhece as oportunidades que os Estados Unidos lhe oferecem. Com orgulho de ser brasileiro, ele afirma: “Não seria quem sou sem as minhas experiências e minhas raízes. A minha cultura é brasileira, apenas me adaptei à vida nos Estados Unidos. Já o meu filho é americano, a cultura dele é americana, mas com algumas influências da nossa cultura, como a língua e algumas outras coisas que tento passar para ele”.
Ser um conjunto de grandes talentos não fez de Gilson uma pessoa esnobe e muito menos arrogante. Ele conta que com humildade e simplicidade se conquista confiança, credibilidade e amizade, fatores essenciais para se alcançar um objetivo na vida. Hoje, com 33 anos, o animador considera-se realizado pessoal e profissionalmente. Conquistou um espaço nos melhores bares e restaurantes brasileiros da Flórida e o reconhecimento público de seu talento, como músico e animador.
Como qualquer pessoa, Gilson conta que sonha com o futuro, mas que não tem um objetivo fixo, mas sim uma meta: “Estabilidade financeira para proporcionar à minha família uma boa casa, educação e um mínimo de conforto, é o que me basta para ser feliz”, conta.
Reconhecido por onde passa, o carismático Gilson conquistou o carinho de toda a comunidade e pretende continuar expandindo seu trabalho para ajudar e divertir todos aqueles que tiverem a oportunidade de conhecer o seu talento.
