Um jovem de Pensacola, na Flórida, que atirou e matou a própria mãe foi condenado a pouco mais de uma década de prisão na quarta-feira (28). David Allan Ohlson, de 19 anos, foi acusado do assassinato em segundo grau de sua mãe, a brasileira Adriana Ohlson, de 49 anos, depois de atirar nela com uma espingarda em 8 de abril de 2022, na frente de seu pai, o americano Aaron Ohlson, com quem ela era casada há 21 anos. O filho assinou um acordo de confissão em 17 de maio de 2023, afirmando que não contestaria a acusação de homicídio culposo com arma de fogo.
A defesa de David alegou que seu cliente sofre de uma doença mental grave e precisa de cuidados médicos fora da prisão. A sentença, porém, se deu com base no diagnóstico do psicólogo de Pensacola, Dr. Stephen Zieman, que disse que David não cumpria o padrão legal para ser declarado inocente por insanidade, embora apresentasse “o caso mais grave de transtorno obsessivo-compulsivo” que o especialista já viu. “Só porque ele não sofre da definição legal de insanidade não significa que ele seja normal”, argumentou a advogada de defesa, Sharon Wilson, ao juiz.
De acordo com a advogada, David lutou contra um TOC grave que também causou transtorno de déficit de atenção, hiperatividade e um transtorno de ansiedade desde o nascimento. Essa mistura de doenças levou David a lutar por uma vida normal, causando até mesmo o que Zieman chamou de “pensamentos intrusivos”. O juiz John Simon entendeu, porém, que as condições mentais de David não justificam ele ter matado a própria mãe.
Durante a audiência, David teve a chance de falar. Ele se desculpou pelo crime e disse que concorda que precisa de ajuda mental. “Meritíssimo, gostaria de dizer o que aconteceu naquela noite – sinto muito pelo que aconteceu. É minha culpa tudo aconteceu”, disse ao juiz. “Estou muito disposto a receber ajuda mental. Sei que preciso. Sempre soube que precisava”, afirmou.
“Este é um caso trágico”, disse o Procurador-assistente do Estado, Trey Myers ao tribunal. “Juiz, o estado reconhece suas condições mentais e, como tal, fizemos uma oferta de delação premiada refletindo isso”, acrescentou. “Embora este seja um acontecimento trágico, as suas deficiências mentais não são desculpa para este crime. Como tal, ele merece ser punido por este crime com uma pena não inferior a 20 anos de prisão”, solicitou a acusação.
O juiz John Simon sentenciou David a 124 meses e meio de prisão no Departamento de Correções da Flórida. Após sua sentença, David cumprirá mais dois anos de serviços comunitários, seguidos de 15 anos de liberdade condicional.
Por que David Ohlson atirou em sua mãe?
De acordo com o testemunho de David após o tiroteio, ele ficou abalado com o anúncio do divórcio de seus pais, três semanas antes do crime. O estresse e a confusão do divórcio dos pais misturados à doença mental de David levaram ao ataque em 8 de abril de 2022, disse o acusado.
Segundo informações da polícia, o pai de David, Aaron Ohlson, disse que recebeu uma ligação da esposa por volta naquele dia dizendo que o filho estava agindo “fora de si ”. Ao chegar em casa, ele teria presenciado a mulher em pé na sala e o jovem sentado no chão segurando uma espingarda. David teria apontado a arma inicialmente para o pai, que tentou se aproximar para desarmá-lo. Neste momento, o suspeito desviou o alvo e acertou a brasileira, que chegou a ser levada para o hospital com vida, mas morreu momentos depois.
Durante o julgamente, Aaron Ohlson disse ao júri que a família fez o melhor que para ajudar David a superar seus transtornos mentais. “Ele é nosso único filho”, disse. “Adriana se esforçou muito. Ele é um ótimo garoto, e não estou dizendo isso apenas porque ele é meu filho”, declarou.