Líder, que ficou mais de 49 anos no poder, alegou problemas de saúde
Depois de quase meio século no posto mais importante do país, o líder cubano Fidel Castro, de 81 anos de idade, deixa o poder. Através de um artigo publicado no jornal do Partido Comunista ligado ao governo, Fidel comunicou a sua decisão de deixar a presidência e o comando das Forças Armadas, por motivos de saúde. “Trairia minha consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total que não estou em condições físicas de oferecer”, disse o cubano. Ele estava licenciado desde que foi submetido a uma cirurgia no intestino, em julho de 2006.
A decisão de Fidel já estava sendo esperada desde que ele mencionou sua intenção de “não obstruir o caminho para os mais jovens”. Segundo analistas, o irmão do ex-líder, Raúl Castro, de 76 anos de idade, que ocupa interinamente o comando da ilha e já está promovendo discretas mudanças no país, inclusive uma reaproximação com os Estados Unidos, deve ser indicado o sucessor de Fidel pelos deputados. A escolha será anunciada em até 45 dias.
Fidel assumiu o poder em 1959, quando coordenou a Revolução Cubana que derrubou o governo de Fulgêncio Batista. Desde então ele foi primeiro-ministro e depois presidente eleito por uma assembléia, mas muitos o chamam de ditador. Fidel foi considerado, por muitos anos, o maior inimigo dos EUA, provavelmente até o advento de Saddam Hussein e Osama Bin Laden. Ao saber da decisão do cubano, o presidente norte-americano, George W. Bush, afirmou que espera uma época de transição democrática no país. Fidel, porém, espera continuar sendo uma importante força na ilha: “Não me despeço de vocês, desejo apenas combater como soldado das idéias”, disse em seu artigo.
Na Flórida, para onde muitos cubanos fugiram do regime imposto pelo ex-líder, a comunidade já foi às ruas comemorar. Na Calle 8, em Miami, os restaurantes estavam cheios na manhã desta terça-feira, como se fosse um feriado, e as pessoas não disfarçaram a alegria pela ‘aposentadoria’ definitiva de Fidel. “Hoje é um dia muito feliz para o povo cubano”, vibrou o senador Mel Martinez, lembrando que os moradores da ilha não têm liberdade. Ele, no entanto, não acredita que Raúl Castro seja o que o país precisa. “Ele não é muito diferente do irmão. Precisamos de novas idéias e novos líderes”, disse o parlamentar, cubano de nascimento.