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Festival de Cinema Brasileiro mantém a vitalidade em sua 23ª edição

Mérito das diretoras da Inffinito é a perenidade deste evento, que já integra o calendário de atrações culturais de Miami e Miami Beach

Coletiva de imprensa BRAFF2019 (Foto: Demetrius Borges/BRAFF)

Artistas, diretores e produtores do cinema brasileiro estão em Miami esta semana para a 23ª edição do Brazilian Film Festival (BRAFF), que acontece até o dia 21 de setembro. Na terça-feira (17), uma plêiade de artistas participou da entrevista coletiva promovida pela Inffinito, organizadora do festival, no sofisticado Silverspot Cinema em Downtown Miami.

Além de Dira Paes, atriz de “Veneza” e “Divino Amor”, estiveram na coletiva o ator Bruno Garcia, “De Pernas Pro Ar 3”; Daniel Del Sarto, ator e músico responsável pelas cerimônias de abertura e encerramento do evento; Miguel Falabella, diretor de “Veneza”, e Orlando e Antônia Morais, pai e filha, que participam de “Orlamundo”, de Alexandre Bouchet, com roteiro de Orlando Moraes.

Dira Paes, que tem mais de 30 anos de carreira cinematográfica, disse ter ficado encantada por trabalhar pela primeira vez com Miguel Falabella, a quem qualificou como “força da natureza”. Segundo a atriz paraense, “Miguel tem uma abrangência de talentos, porque é diretor, autor, ator, cantor e faz tudo muito bem”. Dira comentou que no momento das filmagens ele contava histórias para os demais componentes do elenco. “Mais do que contador de histórias, ele é encantador de histórias”, exaltou.

Falabella também retribuiu os elogios ao dizer que, embora nunca tenha trabalhado com ela, escreveu o personagem Rita com Dira em mente. “Ainda bem que ela aceitou porque o personagem se encaixava perfeitamente com ela”, afirmou o multitalentoso artista.

“Veneza”, aliás, foge do padrão de comédia que tanto caracterizou Miguel Falabella. Trata-se de um filme lírico onde prevalece a emoção. Neste ponto, Bruno Garcia afirmou que a terceira versão de “De Pernas Pro Ar”, da diretora Julia Rezende e produtora Mariza Leão, foge da continuidade. “Embora integre a mesma franquia, tem outra abordagem, mais atualizada e conectada”, frisou Garcia.

Tanto ele como Falabella fizeram questão de salientar que a predominância da comédia no mercado cinematográfico brasileiro decorre da pressão dos produtores e sobretudo distribuidores, pois este tipo de produto tem boa aceitação popular. “Só consegui fazer ‘Veneza’ porque fiz ‘Sai de Baixo’. Acho legal fazer comédia, mas, quero ter opção de fazer outro tipo de filme”, afirmou o workaholic Falabella, que produz muito e dorme pouco.

Orlamundo

O filme exibido no Silverspot Cinema após a coletiva foi “Orlamundo”, que narra a visão de mundo de Orlando Morais através da música e dos elementos naturais. Ele mesmo reconheceu o apoio incondicional da filha Antônia, que também participa do filme e foi assistente de direção e produção.

“Orlamundo” é um documentário diferente que segue os gostos musicais do músico Orlando Morais e sua interligação com músicos do Brasil (Caetano Veloso, Velha Guarda da Portela e Violeiros Goianos) e de todo mundo, sobretudo da Ásia e da África. Durante seu intercâmbio com a natureza, sobretudo o rio, elemento que tem uma influência incrível sobre Orlando, ele mostra e canta músicas de sua autoria.

Promessa de virada

Uma das organizadoras do festival, Cláudia Dutra, destacou que o Festival de Cinema Brasileiro de Miami será ainda melhor a partir de 2020. Sem revelar quais serão as novidades, ela mostrou entusiasmo para elevar o patamar do BRAFF às vésperas dele completar vinte e cinco anos, em 2021.

Um pouco da história do festival

A presença de todos esses artistas me remeteu ao primeiro festival, 23 anos atrás, quando os filmes foram exibidos no Bill Cosford Cinema, uma sala de exibição dentro da University of Miami. Na ocasião, alguns pessimistas chamaram o desafio de “loucura”, ou “insensatez”. Entretanto, a determinação das irmãs Adriana e Claudia Dutra e de Viviane Spinelli calou os críticos e, mais do que isto, colocou o cinema brasileiro como referência cultural no Sul da Flórida. Hoje, o Brazilian Film Festival (BRAFF, como é conhecido aqui) é uma realidade e faz parte do roteiro cultural das cidades de Miami e Miami Beach.

Como um dos veteranos da imprensa local, fico feliz em ver que este festival, que acabou gerando diversos filhotes pelo mundo todo, continua sendo exibido anualmente. Aliás, este foi o ponto destacado por Dira Paes, homenageada da Inffinito este ano: “As meninas (em referência às idealizadoras do festival) mostraram que, além de desbravadoras, elas se mostraram resilientes. Manter este projeto em atividade de maneira tão duradoura é algo a ser exaltado”. Ela valorizou também o ambiente que se cria em torno do festival, com Miami respirando cinema brasileiro.

Se no final do século passado nem todos grandes artistas do cinema brasileiros arriscavam seu nome para prestigiar um festival ainda incipiente – menção honrosa a José Wilker, que esteve presente na primeira edição -, hoje o BRAFF atrai vários artistas, produtores e diretores que veem nele uma oportunidade de internacionalização de seus trabalhos. (Fotos de Demétrius Borges/BRAFF).

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