Brasil

Facebook remove live de Bolsonaro associando AIDS à vacina contra covid-19

Bolsonaro leu uma informação não comprovada de que vacinados com as duas doses estariam desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida

Bolsonaro durante a live da última quinta (Imagem: Reprodução/YouTube)

O Facebook excluiu a live feita pelo presidente Jair Bolsonaro na última quinta-feira (21), em que ele relaciona a vacina contra a covid-19 ao vírus da AIDS.  O vídeo também foi excluído do Instagram, que pertence à empresa.

Em nota, o Facebook declarou que “alegações de que as vacinas contra a covid-19 matam ou podem causar danos graves são contrárias” à sua política.

Na live, Bolsonaro leu um suposto relatório do Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido, que, segundo ele, teria sido publicado por uma revista brasileira.

“Só vou dar notícia, não vou comentar. Já falei sobre isso no passado, apanhei muito…vamos lá: relatórios oficiais do Governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados… quem são os totalmente vacinados? Aqueles que depois da segunda dose, né… 15 dias depois, 15 dias após a segunda dose.. totalmente vacinados…estão desenvolvendo Síndrome da Imunodeficiência Adquirida muito mais rápido do que o previsto. Portanto, leiam a matéria, não vou ler aqui porque posso ter problema com a minha live”, afirmou Bolsonaro.

O portal G1 disse ter entrado em contato com o órgão britânico mencionado por Bolsonaro, que respondeu dizendo que a informação é falsa.

Nesta segunda-feira (25), o mandatário brasileiro deu uma entrevista para a rádio Caçula, do Mato Grosso do Sul, e foi questionado pelo caso.

Ele disse que apenas citou a matéria que havia sido elaborada pela revista Exame. “Dois dias antes da minha live, a revista Exame fez uma matéria sobre vacina e Aids. Eu repeti essa matéria na minha live e dois dias depois a própria revista Exame falou que divulguei fake news”, falou.

A reportagem a que ele se refere, entretanto, foi publicada em outubro de 2020 com o título “Algumas vacinas contra a COVID-19 podem aumentar o risco de HIV?” A reportagem diz que, até aquele momento, “não se comprovou que alguma vacina reduza a imunidade a ponto de facilitar a infecção pelo HIV.”

A alegação de Bolsonaro foi refutada também pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e criticada pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Em comunicado, o Comitê de HIV/Aids da SBI afirmou: “Não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra covid-19 e o desenvolvimento de síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]”.

As entidades disseram que pessoas que têm a síndrome devem ser vacinadas, inclusive com a dose de reforço.

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