Informação de que teria sido preso no dia 3 não foi confirmada pela Interpol
A operação teve como foco o combate ao desvio de recursos públicos, que ocorria por meio de licitações direcionadas e compensação ilegal de precatórios judiciais. De acordo com a PF, o golpe teria causado prejuízo de R$ 72 milhões somente em Minas Gerais, e outros 100 municípios em 11 estados também teriam relação com a quadrilha.
Durante coletiva de imprensa na terça-feira, o delegado Marcelo de Freitas disse que Luiz Tadeu Leite é considerado foragido da Justiça. Ele afirmou também que o ex-prefeito está em Miami. Segundo o serviço de inteligência da polícia, o procurado está no exterior desde 14 de maio deste ano.
Sânzio Baioneta, advogado de Luiz Tadeu Leite, esteve na delegacia da PF e disse que seu cliente não é foragido da Justiça Brasileira, e que ele se encontra fora nos Estados Unidos em tratamento médico, após ter passado por uma intervenção cirúrgica.
Entenda o esquema
O delegado da Polícia Federal Marcelo de Freitas explica que o Tribunal de Contas do Estado comprovou que havia o direcionamento das licitações para aquisição dos precatórios judiciais, que posteriormente eram compensados de forma ilegal pelos municípios. “O esquema de venda de precatórios podres era oriundo do Espírito Santo e um grupo empresarial comercializava os títulos inidôneos em todo o estado de Minas Gerais, permitindo a sangria de milhões de reais dos cofres públicos”, afirma Freitas.
O delegado esclarece que a lei federal nº 9.430/96 proíbe a compensação tributária de títulos adquiridos de terceiros, mas, mesmo assim, os municípios envolvidos na fraude os adquiriam para esse fim. Além disso, os títulos eram falsos.
Durante a coletiva da PF, foram divulgados documentos nos quais Cláudio Maia Silva e Ângelo da Silva Marinho assinavam como se fossem auditores fiscais da Receita Federal, mas com as investigações foi comprovado que ambos nunca foram funcionários do órgão.
Durante a semana, informações desencontradas davam conta que o ex-prefeito Luiz Tadeu Leite tinha seu apartamento em Miami cercado por agentes da Polícia Federal brasileira e do FBI (a polícia federal americana). Mais tarde, outras informações sobre sua possível prisão vazaram para a imprensa, mas foram negadas pela PF, no Brasil.
A mesma operação já prendeu outros dois ex-prefeitos: José Benedito Nunes, que comandou a prefeitura de Jarnaúba e também foi ex-delegado da Polícia Civil, e Warmilon Fonseca Braga, ex-prefeito de Lagoa dos Patos e Pirapora e que também presidiu o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Foram detidos ainda o advogado e ex-procurador da prefeitura de Montes Claros, Sebastião Vieira Filho, além de Robson Luiz Veloso e Antônio José Lima Oliveira.
Ao todo, estão sendo cumpridos 53 mandados judiciais: nove de prisão de prisão temporária, 20 de busca e apreensão, 21 de sequestro de valores, bens móveis e imóveis, e três para prestar depoimento na delegacia. Os presos responderão por crimes contra a administração pública, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, fraude às licitações, corrupção ativa e passiva, dentre outros. Se condenados, as penas máximas aplicadas aos crimes ultrapassam 30 anos.