Estados Unidos

Ex-miss Universo chamada de “miss empregada doméstica” por Trump, declarou seu voto contra o magnata

Durante o tempo que Alicia foi Miss Universo - e, como lhe dizia Trump, trabalhava para ele - ela sofria pressão por parte do candidato

Da Redação, com The Washington Post — Demorou para Alicia Machado contar o que passou durante o ano que trabalhou para o Miss Universo de Donald Trump. Tudo que o público sabia era que ela tinha ganhado o título de Miss Universo em 1996 e depois partido para uma carreira na TV e no cinema.

Até terça-feira passada (27), quando Alicia foi mencionada por Hillary Clinton durante o debate com o candidato Republicano. Alicia, disse Hillary, a quem Trump chamava de “Miss Empregada Doméstica.” Ele não negou a alegação.

A campanha de Hillary considerou tão importante o caso que veiculou na TV um comercial na noite de segunda-feira com Alicia. Falando em espanhol, ela descreve Trump como um homem cheio de rancor, racismo e com rompantes de raiva, um homem que afetou a sua luta com problemas alimentares, e assim como outros citados no debate de terça, acusou Trump de não pagá-la de acordo com os termos do contrato firmado.

Comentando sobre o caso, Trump disse que “aquela pessoa era uma Miss Universo, a pior que já tivemos. Ganhou uma enorme quantidade de peso e tornou-se um verdadeiro problema. Tínhamos um grande problema. Além disso, sua atitude também era problema. Por isso Hillary foi buscá-la no passado.”

Alicia tem outra história

Alicia Machado vem de uma família com alto nível de educação e engajamento político na Venezuela. Deixou a faculdade para participar do concurso e conseguir alavancar sua carreira na indústria de entretenimento nos Estados Unidos. Trump tinha acabado de comprar os direitos do concurso, era o chefe de tudo. Alicia achava que Trump, um rico empresário americano, tinha grandes planos para promover o concurso e seus lucros.

Descobriu mais tarde que Trump era um fanfarrão insensível, um misógino que via o concurso e suas participantes como se fossem sua propriedade pessoal, disse Alicia numa entrevista para a biografia de Trump feita pelo Washington Post, “Trump Revealed”.

“Agora, vinte anos depois, não consigo acreditar que aquele m**** pode vorar presidente”, disse Alicia. “Era um pesadelo que nunca desejaria para a minha filha, ou para qualquer outra criança deste país. Esse homem se comportava como um tirano quando eu era Miss Universo e tem-se comportado como um tirano durante a campanha deste ano. Ele não tem a menor condição de governar nada e é não é um ser humano bom.”

Durante o tempo que Alicia foi Miss Universo – e, como lhe dizia Trump, trabalhava para ele – ela sofria a maior pressão para perder o peso que Trump afirmava publicamente em entrevistas que ela tinha ganhado. Ele considerava o fato um ultraje, uma possível violação de contrato.

Alicia ficou tão desesperada para perder peso que começou a ter sintomas de bulimia, disse à repórter do Washington Post. O problema continuou por vinte anos. Algumas reportagens na época diziam que Alicia passava horas e horas malhando e fazendo dieta para se encaixar no que os organizadores do concurso diziam ser a “forma ideal”. Ela admite que se rebelou contra a pressão e começou a desafiar as ordens dos organizadores e a pedir que marcassem mais compromissos de caridade na sua agenda.

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