Rubens Axt acusa pastor Gomes de fazer ameaças
Por Vanuza Ramos
A confusão envolvendo a Rádio Tupi News acabou gerando uma guerra particular entre o empresário Rubens Axt e o líder evangélico pastor Gesiel Gomes. Axt vem acusando publicamente o pastor Gesiel Gomes de ter tentando monopolizar a rádio em favor da organização evangélica chefiada pelo líder RR Soares. As acusações mais recentes são de que o pastor Gomes teria ameaçado ele e o então diretor comercial da emissora, Marcos Santos.
Tudo começou com uma proposta de parceria. “Ele chegou aqui com outro pastor e com o senhor Marcos Santos e falou que queria fazer uma parceria, em nome de RR Soares. Achei ótimo porque estava buscando algo assim”, conta Axt. A proposta era ter um programa das 9 da manhã ao meio-dia. Porém, independente do espaço na rádio, uma parceria seria firmada entre as duas partes para compra de equipamentos e expansão da rádio. “Uma semana depois ele disse ter conversado com RR Soares que haveria um evento, na igreja, e que a partir daí seria firmado o contrato de parceria. Isso foi num domingo.
“Na terça-feira, a gente se encontrou com ele e o RR Soares no Feijão com Arroz `restaurante brasileiro em Pompano Beach`, para consolidar a parceria”, relata.
Os líderes da Igreja Internacional da Graça, RR Soares e Gomes, teriam dito, neste encontro, que queriam comprar 50% da rádio. “Falei que rádio não estava à venda e disse que ainda queria fazer a parceria. No dia seguinte, o pastor Gomes falou que topava fazer a parceria mas queria o Marcos Santos fora da rádio”, afirma Axt.
Ele alega não ter concordado com essa imposição, por isso rejeitou a proposta de parceria. “Aí, eu já estava com o programa no ar há três semanas, e sem pagar nada. Falei que assim não seria possível continuar”, relata o dono da rádio.
Disse ele ainda ter o pastor Gomes telefonado para dizer que ligara para o FCC e iria denunciá-lo para o FBI. “A partir daí, ele começou a fazer ameaças. Tenho um CD com essas ameaças gravadas; ameaças contra o Marcos Santos. Ele tentou me pressionar para vender a rádio e eu não quis vender”, afirmou o empresário.
O rumor mais recente a circular na comunidade dava conta de que a rádio teria sofrido uma tentativa de arrombamento na madrugada de sexta-feira, como forma de pressão psicológica contra Axt.
Pastor Gomes diz não ter denunciado – O pastor Gomes nega ter denunciado a rádio, e alega também ter ouvido do FCC que a rádio já estava sob investigação, quando ele foi pedir informações sobre a freqüência. Afirma ainda ter tentado avisar Axt para encerrar as atividades antes que ocorresse algo mais sério, pois a emissora estava na mira do FBI.
O interesse de parceria com Axt, segundo Gomes, surgiu em função de um leilão de rádios que vai acontecer em novembro. Logo nos primeiros dias, Gomes teria manifestado o interesse em fazer uma parceria com a Tupi. O contrato de parceria incluía o investimento em equipamento para a expansão do sinal da rádio. “A gente (a organização regida por RR Soares) queria fazer isso porque ele havia falado de um leilão que vai ocorrer em março, e do qual só poderia fazer parte quem já tivesse uma rádio. Assim a gente se interessou em fazer uma sociedade para poder participar do leilão e adquirir uma rádio full power”, afirma Gomes. “Quando fui conversar com Rubens, ele me mostrou uns documentos do site do FCC, como prova de que a rádio seria legal”, diz.
Ao ligar para o FCC a fim de confirmar as informações sobre o leilão e reafirmar o status da rádio Gomes teria sido informado pelo FCC que a rádio era ilegal e que já havia denúncia contra a Tupi.
O FCC teria reafirmado para Gomes que não havia qualquer autorização, ou solicitação de licença de rádio comercial ou comunitária em nome da Tupi ou da Axt, razão social da empresa, e teria recomendado ao pastor que não continuasse com o programa na rádio porque ela poderia ser fechada a qualquer momento.
Igreja brasileira já se inscreveu para leilão de rádios em novembro – O pastor Gomes também teria descoberto, no FCC, que não era necessário ter uma rádio para participar do leilão, marcado para novembro, em Washington, e para o qual a Igreja Internacional da Graça já está registrada. “Aliás, o documento que Rubens me mostrou como um pedido de licença era na verdade um pedido de registro para o leilão de rádios, igual ao que eu tenho agora”, diz o pastor.
Esse documento é apenas uma solicitação para participação do leilão e nem sequer garante a participação do solicitante, que antes terá de preencher alguns requisitos. “Só para entrar no leilão, a pessoa precisa fazer um depósito no valor de 90 mil dólares”, explica Gomes. Outro requisito, segundo ele, é o solicitante ser cidadão deste país e que 80% do investimento para a rádio seja americano.
A Igreja Internacional da Graça tentará arrematar uma das rádios disponibilizadas em Boston. “Porque Boston é uma área de atuação da nossa igreja, também. Além disso, não há, nesse momento, nenhuma rádio disponível na Flórida”, afirma o líder religioso.
No leilão, previsto para o dia 1º de novembro, em Washington, os lances começam em 1,5 milhão de dólares e podem chegar até 4,5 milhões.
O próximo passo da igreja será comparecer ao seminário para os solicitantes do leilão, marcado para julho, na sede do FCC em Washington.
Colaborou Antonio Tozzi
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