O ex-deputado republicano George Santos poderá ser condenado a mais de sete anos de prisão por fraude e roubo de identidade, segundo os promotores federais no Brooklyn, em Nova York, disseram na sexta-feira (3). A sentença definitiva deve ser anunciada nos próximos meses.
Filho de brasileiros, Santos foi expulso do Congresso em dezembro de 2023 após uma série de escândalos, e se declarou culpado em agosto por fraude eletrônica e roubo de identidade agravado, duas das 23 acusações criminais que foram feitas contra ele.
A promotoria recomendou uma sentença de sete anos e três meses, alegando que a punição é proporcional à gravidade dos crimes cometidos. Argumenta ainda que o réu planejou e executou uma variedade de esquemas fraudulentos, apoiados por uma história de vida fictícia, com o intuito de se enriquecer e conquistar um dos mais altos cargos do governo.
A defesa de Santos tenta reduzir a pena para dois anos. O advogado Andrew Mancilla acusou os promotores de criarem uma narrativa distorcida, afirmando que o governo busca por manchetes, não justiça.
Entre os crimes estão fraude eletrônica, roubo de identidade agravado e falsificação de informações para impulsionar sua campanha ao Congresso em 2022. Os promotores afirmam que o então candidato inflou números de arrecadação e usou nomes falsos de doadores para disputar uma cadeira por um distrito de Nova York durante a campanha eleitoral de 2022.
Santos afirmou falsamente que havia estudado na Universidade de Nova York, trabalhado no Goldman Sachs e no Citigroup e que seus avós haviam fugido dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Nenhuma dessas declarações era verdadeira.
As falsidades vieram à tona após uma reportagem publicada pelo jornal The New York Times, em dezembro de 2022. A matéria revelou inconsistências no currículo, nas declarações financeiras e em vários aspectos da trajetória pessoal de Santos, gerando forte repercussão política e midiática.
As investigações mostraram que, além de mentir sobre seu passado, o ex-deputado usou dinheiro de campanha para pagar despesas pessoais, incluindo sessões de botox, compras em marcas de luxo e até assinaturas em plataforma de conteúdo adulto. Ele também foi acusado de cobrar cartões de crédito de doadores sem autorização e de receber indevidamente benefícios de desemprego enquanto estava empregado.
O ex-deputado ficou 11 meses no Congresso, até que a pressão política e a comprovação das fraudes resultaram em sua expulsão da Câmara dos Representantes — a primeira desde 2002 — em uma decisão que uniu Democratas e Republicanos.