O sistema de saúde dos EUA está falhando com os pacientes.
A constatação surgiu após a conclusão de um relatório contundente que indica que o país tem o pior sistema de saúde quando comparado às 10 nações mais desenvolvidas do mundo.
Isso se reflete, segundo o relatório, em áreas críticas da assistência à saúde, como prevenção de mortes, acesso – principalmente devido aos altos custos – e equidade na qualidade dos tratamentos, independentemente de gênero, renda ou localização geográfica dos pacientes.
O relatório divulgado na quinta-feira (19) pelo The Commonwealth Fund, um grupo de pesquisa independente, diz que os americanos estão morrendo mais jovens e sofrendo as mortes mais evitáveis.
Isso apesar de o país gastar quase duas vezes mais com o sistema de saúde do que as demais nações avaliadas, com a destinação de 18% do Produto Interno Bruto.
As pesquisas indicam que a saúde é uma das prioridades dos eleitores nas eleições presidenciais de novembro. A vice-presidente Kamala Harris propôs o fortalecimento do Affordable Care Act, conhecido como Obamacare. O ex-presidente Donald Trump deu poucos detalhes sobre sua visão sobre o assunto; seu companheiro de chapa, J.D. Vance, sugeriu a desregulamentação.
Os pesquisadores que elaboraram o relatório apontaram em suas descobertas que as pessoas nos Estados Unidos são as que mais gastam com saúde, mas as que menos recuperam seu investimento.
“Nenhum outro país do mundo espera que os pacientes e suas famílias paguem tanto do próprio bolso pelos cuidados básicos de saúde quanto nos Estados Unidos”, disse o Dr. Joseph Betancourt, presidente do The Commonwealth Fund, em uma ligação.
Ironicamente, o preço excessivo que as pessoas pagam não garante um atendimento de maior qualidade. “Estamos com falta de suprimentos com as coisas de que as pessoas mais precisam”, incluindo médicos e leitos hospitalares, disse o Dr. David Blumenthal, ex-presidente do The Commonwealth Fund. “É uma das razões pelas quais você tem que esperar tanto tempo nos Estados Unidos para ter acesso a cuidados especializados e por que ninguém consegue encontrar médicos de cuidados primários”, disse ele.
As descobertas vêm de dezenas de milhares de respostas de pesquisas com médicos de cuidados primários e cidadãos em países de alta renda coletadas nos últimos três anos.
Os pesquisadores analisaram como os EUA se comparam a nove outros países: Austrália, Canadá, França, Alemanha, Holanda, Nova Zelândia, Suécia e Reino Unido. Cada um recebeu uma classificação em cinco categorias: acesso ao atendimento, processo de recebimento de cuidados, eficiência administrativa, equidade e resultados de saúde.
Nenhum dos países estava acima ou abaixo de cada categoria. Os melhores desempenhos gerais foram Austrália, Holanda e Reino Unido. A Austrália e a Holanda também registraram os menores gastos com saúde, de acordo com o relatório.