Os Estados Unidos anunciaram sanções contra o ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli (2009-2014), acusado de envolvimento em “corrupção em larga escala” com a construtora brasileira Odebrecht, segundo comunicado do secretário de Estado americano, Antony Blinken, na quarta-feira (25). Martinelli, que planeja concorrer à presidência novamente em 2024, está proibido de entrar em território americano, bem como seus familiares próximos.
A decisão veio logo após a libertação de dois filhos do ex-presidente panamenho, Ricardo Alberto e Luis Enrique Martinelli, na terça-feira (24), depois de cumprirem pena de três anos nos EUA por participarem “em subornos pagos por e sob a direção da Odebrecht” num total de $28 milhões. Eles se declararam culpados, em 2021, por conspiração para cometer lavagem de dinheiro. Ricardo e Luis foram libertados por bom comportamento e voltaram para o Panamá na semana passada, proibidos de retornaram aos Estados Unidos.
Segundo procuradores federais, em 2014 e 2015, dois funcionários da Odebrecht se reuniram em Miami para coordenar uma movimentação de propinas por meio de empresas nos Estados Unidos. O caso identificou uma rede de subornos de mais de $3,3 bilhões, envolvendo advogados, presidentes e outros políticos. Promotores federais acusaram a Odebrecht de pagar mais de $59 milhões em propinas entre 2010 e 2014 para influenciar autoridades no Panamá, o maior episódio de corrupção na história do país.
A investigação da Odebrecht no Panamá foi aberta em 2015, arquivada e reaberta em 2017 depois que a empresa confessou nos EUA ter pago milhões em subornos numa dúzia de países, incluindo Angola e Moçambique. Em julho de 2017, a Odebrecht assinou um acordo com a Procuradoria-Geral do Panamá para pagar uma multa de $220 milhões ao Estado ao longo de 12 anos, acordo que não está a ser honrado, segundo publicou a agência Reuters.
“A aceitação de subornos para contratos com o governo mina a integridade das instituições democráticas do Panamá e alimenta a percepção de corrupção e impunidade”, disse o secretário de Estado americano. “Essas designações reafirmam o compromisso dos Estados Unidos de combater a corrupção, que prejudica o interesse público, dificulta a prosperidade econômica dos países e reduz a capacidade dos governos de responder efetivamente às necessidades de seu povo”, acrescentou Blinken.