O julgamento de Khalid Sheikh Mohammed, considerado o principal estrategista dos atentados de 11 de setembro de 2001 foi retomado nesta terça-feira (7), após mais de um ano de pausa por causa da pandemia de covid-19.
Khalid Mohammed e outros quatro homens com supostas ligações com a rede Al-Qaeda estão sendo julgados na base militar americana de Guantánamo pelo crimes de assassinatos e terrorismo, quatro dias antes do 20º aniversário da tragédia que deixou quase três mil mortos nos país.
Os cinco confessaram-se culpados e, se condenados, serão sentenciados à penas de morte. Eles comparecem diante dos familiares das 2.977 vítimas fatais dos atentados, além de jornalistas.
Mas dificilmente um veredicto será alcançado rapidamente. Antes da suspensão do julgamento em 2020, a equipe de defesa dos acusados alegou que as confissões foram obtidas pelo governo sob “torturas brutais”.
“Encobrir a tortura é a razão pela qual esses homens foram trazidos para Guantánamo, e continuar encobrindo é a razão pela qual a detenção por tempo indeterminado ainda existe nesta prisão”, disse James Connell, advogado de um dos prisioneiros ao canal NBC.
O grupo foi encarcerado há 15 anos durante uma operação deflagrada pelo governo de George W. Bush que ficou mundialmente conhecida como ‘guerra ao terror’.
De acordo com Connell, 780 suspeitos de participação nos atentados foram levados para Guantánamo, a maior parte, segundo o advogado, foi libertada após mais de uma década na cadeia sem nunca terem sido formalmente acusados de um crime.
Em outubro do ano passado, o caso ganhou um novo juiz, o magistrado Matthew McCall, oitavo a assumir o julgamento. McCall disse que não terá pressa e deverá passar o resto a semana em reuniões com a acusação e a defesa.
Atualmente, 39 detentos permanecem em Guantánamo, todos muçulmanos. Ao menos 12 são considerados por Washington como líderes perigosos da Al-Qaeda, incluindo Khalid Sheikh Mohammed.
Campo de Detenção da Baía de Guantánamo
O Guantánamo Bay Detention Camp começou a operar em 2002, após o 11 de setembro de 2001. O local fica isolado em uma costa rochosa de Cuba e ganhou fama ao receber os membros suspeitos da Al-Qaeda.
Entretanto, o que deveria ser símbolo do combate ao terrorismo pelos EUA, se tornou uma dor de cabeça para o país americano ao se tornar alvo de denúncias de abusos generalizados dos direitos humanos por várias organizações internacionais.
Quando assumiu a presidência em 2006, o democrata Barack Obama ordenou o fechamento de Guantánamo, mas legisladores republicanos bloquearam a medida no Congresso.
Quando Donald Trump tomou posse em janeiro de 2017, ele não apenas manteve o lugar funcionando, como prometeu encher as celas com os combatentes do grupo Estado Islâmico capturados no Iraque e na Síria.
Apesar de apoiar o encerramento do local, é esperado que o atual presidente Joe Biden mantenha o local em atividades, visto que fracassaria novamente na tentativa.