Após encontro entre Lula e Biden na sexta-feira (10), na Casa Branca, os EUA anunciam um aporte de $50 milhões para o Fundo Amazônia, ação que visa cooperar com projetos de proteção e preservação da floresta brasileira. Trata-se da primeira contribuição feita pelos americanos ao fundo, que conta com cerca de R$ 3,2 bilhões doados pela Alemanha e Noruega ao longo dos últimos 15 anos — aporte que foi congelado durante a gestão de Jair Bolsonaro.
A cifra oferecida pelos americanos foi definida como “decepcionante” pelos negociadores brasileiros, segundo apurou o jornal Folha de São Paulo. Por isso, o valor não foi citado no comunicado conjunto após a visita de Lula à Casa Branca. Por meio de sua assessoria, o Itamaraty disse que a oferta foi “muito positiva” e destacou que se tratou de um gesto unilateral dos americanos. “Gestos são importantes na diplomacia, e esse foi um gesto de reconhecimento pelo esforço do governo na área ambiental nesses pouco mais de 30 dias de gestão”, afirmou.
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente, que teve a ministra Marina Silva na comitiva que visitou Joe Biden, disse que “mais importante do que o valor repassado é o engajamento dos Estados Unidos no Fundo Amazônia”, o que pode estimular o ingresso de outros países do G7 no projeto. A expectativa é que o governo americano destine outro aporte, de mesmo valor ou maior, durante a visita de John Kerry, enviado especial para o clima, ao Brasil no fim de fevereiro.
Durante entrevista em Washington, Lula defendeu a necessidade de os países ricos assumirem a responsabilidade de financiar os países que têm florestas. “E só na América do Sul, além do Brasil, temos Equador, Colômbia, Peru, Venezuela, as Guianas, ou seja, vários países que temos que cuidar”, disse o petista.
Criado em 2008, o Fundo Amazônia atua com pagamentos baseados em resultados de conservação da floresta amazônica. As doações acontecem quando há queda nas taxas de desmatamento, com base nos dados do INPE. Os pagamentos são voluntários e podem ser feitos por outros governos e também por empresas. A gestão do fundo é feita pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) junto a comitês técnicos, que certificam dados e cálculos de emissões, e órgãos orientadores, que definem critérios para aplicação de recursos junto à sociedade civil.
O modelo de gestão parece ter agradado representantes da Bezos Earth Fund, do bilionário Jeff Bezos, além da Leonardo DiCaprio Foundation, Rainforest Trust, entre outras com quem as autoridades brasileiras se reuniram em Washington. Os institutos de filantropia prometeram se mobilizar em uma ação de emergência, usando pelo menos 11 entidades para captar recursos financeiros para a Amazônia em apenas 40 dias. Os valores esperados com essa arrecadação não foram divulgados.