Enviado especial de Washington disse que “a comunidade internacional será obrigada a responder claramente” caso Pyongyang realize um novo teste nuclear
Os Estados Unidos recomendaram nesta terça-feira que Coréia do Norte desista da idéia de realizar um segundo teste nuclear, e afirmaram que a comunidade internacional responderá “com clareza” caso isso ocorra.
O secretário de Estado adjunto americano e enviado especial de Washington para a península coreana, Christopher Hill, disse nesta terça-feira em Seul que “a comunidade internacional será obrigada a responder claramente” caso Pyongyang realize um novo teste nuclear.
Também nesta terça-feira, soube-se que a Coréia do Sul e o Japão receberam dos EUA informações sobre movimentos estranhos na mesma região onde a Coréia do Norte teria realizado seu primeiro teste atômico, em 9 de outubro.
As informações levantaram suspeitas de que o regime norte-coreano poderia estar preparando um novo teste nuclear, segundo reconheceram as autoridades sul-coreanas e japonesas.
“Acho que todos entenderíamos um segundo teste como uma resposta beligerante por parte da Coréia do Norte à comunidade internacional”, afirmou Hill, que chegou nesta terça a Seul.
O enviado de Washington às conversas multilaterais sobre o programa nuclear norte-coreano luta contra o relógio em sua ofensiva diplomática para obter o compromisso do Japão, da Coréia do Sul e da China com a aplicação das sanções do Conselho de Segurança da ONU à Coréia do Norte.
O secretário de Estado adjunto se reuniu em Seul com os representantes da Rússia, Alexander Alexeyev, e da Coréia do Sul, Chun Yung-woo, nas conversas multilaterais que se encontram estagnadas desde novembro.
Rice
Hill também prepara a viagem da secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, que começa na quarta-feira, em Tóquio, e se estenderá aos três países.
A viagem de Rice pretende lançar uma mensagem de firmeza à Coréia do Norte, e obter da China a garantia de que desta vez não ficará ao lado de seu aliado comunista.
Na quinta-feira, Rice se reunirá em Seul com os ministros de Relações Exteriores do Japão, Taro Aso, e da Coréia do Sul, Ban Ki-moon, novo secretário-geral da ONU, que sucederá Kofi Annan no dia 1º de janeiro.
“Temos que trabalhar muito duro com nossos parceiros e aliados para aplicar a resolução do Conselho de Segurança da ONU”, disse Hill, ao chegar em Seul para dar início à sua visita de dois dias.
Tentativas frustradas
EUA, China, Rússia, Coréia do Sul e Japão participam dos esforços diplomáticos para exigir que a Coréia do Norte desista de seu programa nuclear. Mas, com as ameaças feitas por Pyongyang nesta terça-feira em resposta à resolução do Conselho de Segurança da ONU, essa via parece cada vez mais distante.
O Ministério de Relações Exteriores da Coréia do Norte rejeitou taxativamente a resolução, qualificada como uma “declaração de guerra”, e disse que seu país condenará “sem piedade” quem tentar aplicar essas sanções.
“A Coréia do Norte não cedeu no passado, quando não possuía armas nucleares, e agora que as possui não se dobrará a qualquer pressão ou ameaça”, afirmou o comunicado.
A Coréia do Norte qualificou a resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada no sábado, como “uma declaração de guerra instigada pelos Estados Unidos”. A resolução exige que o país suspenda imediatamente suas atividades nucleares, e proíbe a venda ou transferência de qualquer tipo de material relacionado com armas “não convencionais” à Coréia do Norte.
Também estabelece o bloqueio aéreo, a proibição da venda de artigos de luxo e o embargo das contas dos governantes norte-coreanos no exterior.
O texto exige ainda que Pyongyang retorne sem condições prévias às conversas com Coréia do Sul, China, Rússia, EUA e Japão sobre seu programa atômico, e que acate imediatamente o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.