Negócios

Estudo aponta que Estados Unidos podem ter nova bolha imobiliária

Colapso do mercado de imóveis residenciais ativou crise que atingiu país em 2008; consultoria americana afirma já ver sinais de semelhança com período pré-crise

DA REDAÇÃO (com Bloomberg) – A crise americana que levou a economia do país a uma situação emergencial há quase dez anos pode estar ensaiando uma volta, informa reportagem publicada na semana passada pela agência de noticias de economia Bloomberg. Segundo o diretor sênior da consultoria RealtyTrac, Daren Blomquist, já dá para enxergar sinais de alerta. A mesma especulação fervilhante que instigou a bolha de preços das casas está reaparecendo na parcela exagerada de imóveis tomados por falta de pagamento que são arrematados em leilão por agentes interessados na revenda. Essa parcela chegou ao recorde de 31% em junho, de acordo com dados que a RealtyTrac começou a compilar em 2000.

Muitos desses especuladores são pessoas físicas inexperientes, disse Blomquist à Bloomberg. Ao mesmo tempo, os investidores institucionais, que também fazem parte da categoria de especuladores que compram pelo menos 10 propriedades por ano, estão saindo do mercado.

“Vai contra a intuição, de certa forma, porque à medida que o mercado melhora e há menor disponibilidade de ativos relacionados a hipotecas executadas, a demanda no mercado por bons negócios, por barganhas, aumenta”, disse Blomquist. “Quando se vê elevado percentual dessas propriedades indo para interessados na revenda, é um sinal de que esses especuladores talvez estejam inflando exageradamente o mercado.”

Esses investidores estão abocanhando uma parte maior de um bolo que encolhe. As vendas de imóveis com hipotecas executadas corresponderam a 8% de todas as vendas de propriedades residenciais em junho, a menor parcela desde agosto de 2006 Enquanto isso, investidores institucionais foram responsáveis por 38% das compras por especuladores em leilões em junho.

A parcela representa uma queda notável em relação à tendência consistente próxima de 50% nos primeiros cinco anos da expansão, segundo os dados. Essas compras representaram 2,5% do total de imóveis residenciais negociados em junho, diminuindo em relação ao pico de 9,8% atingido em fevereiro de 2013.

O mesmo recuo dos compradores institucionais precedeu dramaticamente o movimento de queda do passado recente, quando os mais experientes resolveram se afastar. “As análises deles indicam que não é boa hora para comprar, é definitivamente outro sinal vermelho o fato de eles estarem recuando ao mesmo tempo em que investidores com menor entendimento avançam”, ele disse.

“Está aumentando a pressão dentro da panela e, em algum momento, essa pressão precisa sair”, disse Blomquist. Ainda há tempo. “Provavelmente não no mês que vem nem em dois meses, mas nos próximos dois anos” deve se consolidar uma piora, ele afirmou.

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