Quando Satish Kurapati, de 26 anos, terminou a graduação em sua terra natal, Índia, ele tinha um foco em mente, vir para os Estados Unidos. O mesmo que outras pessoas de sua família e alguns amigos fizeram. E ele sabia também que seriam tempos difíceis, mas ficar no seu país não estava nos seus planos.
Com o diploma do curso superior na área de eletrônica em mãos, ele decidiu fazer pós-graduação no Texas. Satish veio para os EUA com visto de estudante, o F-1. ‘’Índia é o segundo país mais populoso do mundo e a pobreza é grande. Não quero voltar’’, garante.
Depois de 18 meses de curso no Texas A&M University, em Kingsville, Satish fez o mesmo que seus colegas, solicitou permissão de trabalho ao governo americano e conseguiu. Em dois meses, seu Optional Practical Training (OPT) estava aprovado. A partir daí, ele precisou procurar uma agência de empregos em busca de uma colocação no mercado de trabalho.
Isso aconteceu em março de 2016. O OPT durou um ano e ele solicitou a renovação, que também foi rapidamente aprovada. Agora ele tem até fevereiro de 2019 para trabalhar legalmente nos EUA.
Como funciona o OPT
O Optional Practical Training (OPT) é uma forma legal do estudante de pós-graduação (nos EUA esses cursos são chamados de graduate) conseguir trabalho assim que terminar o curso. Para tanto, o estudante solicita ajuda do Designated School Oficial (DSO) da escola para preenchimento do FORM-I765.
A resposta vem em no máximo 90 dias. Estudantes de pós-graduação nas áreas de Science, Technology, Engineering and Mathematics (STEM) podem solicitar extensão, assim como o jovem indiano fez. Essas áreas são consideradas prioritárias para o governo americano.
‘’Eu posso dizer que 99.99% dos nossos estudantes solicitam o OPT’’, garante Anthony DeNapoli, diretor para assuntos internacionais da Nova Southeastern University, uma das 10 melhores universidades na Flórida. A instituição possui um departamento para ajudar o graduate estudante a procurar um emprego assim que o OPT é aprovado, mas o estudante também pode, e deve, procurar por conta própria.
O diretor explica que a maioria dos estudantes da área de Negócios, Tecnologia e Farmácia conseguem emprego rapidamente.
A universidade possui 1400 estudantes estrangeiros, de 116 países. Desses, 50 são brasileiros. A maioria dos brasileiros está nos cursos de pós-graduação.
Durante e após o OPT
Assim que o seu OPT foi aprovado, Satish buscou uma agência de empregos que terceiriza mão obra na área de tecnologia. Hoje, ele presta serviços para uma multinacional na área de seguros no sul da Flórida. ’Sou funcionário da agência e vale a pena ficar aqui’’, afirma.
Ele conseguiu o OPT em março de 2016 e em abril de 2017, a mesma agência solicitou o visto de trabalho – (o famoso, tão sonhado e desejado) H1B, mas a concorrência foi grande demais e ele não conseguiu passar na peneirada do governo. ‘’Ainda tenho a possibilidade de tentar em abril de 2018. Se não der, eu tento outro mestrado em 2019 e ai tentarei o CPT. Mas não volto para a Índia’’, planeja.
Ele conta que a trajetória de um amigo serve de exemplo para seu esforço. Seu amigo está nos EUA há 7 anos. Primeiro como estudante visto F-1 no curso de Pós-graduação, depois com a autorização OPT, depois H1-B e, agora, aguarda o tão sonhado Green Card. ‘’Já foi aprovado. A fila é longa, mas é possível’’, diz Satish esperançoso em ter a mesma sorte que o amigo.
OPT x CPT
O Optional Practical Training (OPT) pode ser solicitado 90 dias antes do término de um ano acadêmico ou no máximo 60 dias após o fim do curso. O aluno precisa estar matriculado em tempo integral (full time). Cada universidade exige um número mínimo de disciplinas para considerar o aluno como full time.
Assim que completar um ano na universidade, o aluno pode solicitar o OPT para trabalho de 20 horas por semana durante o período das aulas, e período integral durante as férias. Quando terminar a pós-graduação, o OPT deve ser alterado para trabalho integral.
O Curricular Practical Training (CPT) também é outra alternativa. De acordo com o website oficial do governo americano, o trabalho precisa estar ligado a área de estudos do requerente. Não é exigido que o estudante trabalhe apenas 20h/semana durante as aulas, mas é necessário um acordo com o empregador e a universidade.
Outras opções para trabalho para estudante com visto estudante
Ainda de acordo com o website do governo americano (USCIS), os estudantes estrangeiros possuem as seguintes opções:
M-1 Visa – Este é um tipo de visto de estudante para quem está interessado em fazer cursos profissionalizantes. O emprego precisa estar diretamente ligado a área de estudo.
Estudante Empreendedor – O governo americano considera empreendedorismo como trabalho. O estudante interessado deve ter o visto F1 e qualificar para o OPT.
Para ser aceito em um curso de pós-graduação o estudante precisa apresentar bom ou excelente nível de inglês.