Os Estados Unidos quase dobraram as importações de ovos do Brasil, registrando em fevereiro um aumento de 93% em relação ao ano anterior, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Embora os produtos brasileiros não sejam comercializados nas prateleiras dos supermercados, eles serão usados em alimentos processados, como misturas para bolo, sorvete ou molho para salada.
A medida visa reduzir os impactos causados pela gripe aviária, que dizimou quase 170 milhões de aves desde o início de 2022 e tem pressionado a inflação de alimentos. O preço dos ovos no atacado subiu 53,6% em fevereiro.
O governo anunciou no mês passado um plano de $ 1 bilhão para reduzir os preços dos ovos, que inclui auxílio aos produtores para evitar a disseminação do vírus e investimentos para identificar opções de vacinas.
Outra iniciativa que está sendo estudada para ampliar a demanda pelo produto é flexibilizar as regulamentações para ovos postos por frangos criados para corte. A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) disse à Reuters que está analisando uma petição do Conselho Nacional do Frango para permitir a venda para consumo humano desse tipo de ovo. Em 2023, a FDA negou uma solicitação semelhante do conselho, citando o risco de salmonela.
No passado, esse tipo de ovo era vendido para fábricas de processamento, para ser pasteurizado e usado em alimentos processados. Porém, em 2009, com o objetivo de reduzir as doenças causadas pela salmonela, o FDA passou a exigir que esses ovos fossem refrigerados a 45 °F a partir de 36 horas após a postura.
Os produtores de frango mantêm os ovos armazenados a cerca de 65 °F e alegam que não dispõem de equipamentos para refrigerá-los a uma temperatura mais baixa.
Segundo o Conselho, os frangos de corte põem, todos os anos, cerca de 360 milhões de ovos que não são adequados para a criação. Alguns são usados para fabricar vacinas, exportados ou destinados a outros fins, mas a maioria é destruída. A entidade defende que esses ovos não ameaçam a saúde pública porque são pasteurizados.
Já os especialistas em segurança alimentar esclarecem que a refrigeração insuficiente pode aumentar os agentes patogênicos a níveis em que a pasteurização não seria totalmente eficaz.
