DA REDAÇÃO – A Espanha celebrou na quinta-feira, 12, seu feriado nacional, enquanto milhares de pessoas protestavam em Barcelona pela unidade do país.
Os manifestantes marchavam entoando mensagens hostis aos líderes separatistas. “Puigdemont na prisão”, gritavam eles, em referência ao líder catalão, Carles Puigdemont, que organizou no dia 1.º de outubro um plebiscito de autodeterminação da Catalunha, apesar da oposição de Madri.
O ministro das Relações Exteriores da Espanha, Alfonso Dastis, considerou que Puigdemont não declarou independência, mas acrescentou que o Executivo central espera uma resposta clara antes de agir. “Para nós, eles ainda não o fizeram. Não fizeram isso na sessão plenária do Parlamento, fizeram em outra sala, rapidamente e apenas em parte, sem dar à oposição a possibilidade de se expressar”, disse em entrevista à emissora francesa CNews.
Na quarta-feira, o governo central emitiu um ultimato ao governador separatista, dando um prazo de até às 10h de segunda-feira (16) para “esclarecer” seu posicionamento sobre a independência.
Se Puigdemont persistir, o governo estenderá o prazo até às 10h de quinta-feira, antes de tomar medidas concretas segundo o Artigo 155 da Constituição, que prevê a suspensão total ou parcial da autonomia de uma região.
Esse caminho seria considerado por muitos catalães como uma afronta e poderia provocar distúrbios na região, cuja autonomia foi restabelecida após a morte do ditador Francisco Franco (1939-1975).
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, tem apoio da maioria do Parlamento nacional, inclusive do líder da oposição, o Partido Socialista, que também conseguiu um compromisso dos conservadores para estudar uma reforma constitucional que melhore as relações com a região.
Nas ruas
Nesta quinta-feira, os opositores da independência desejavam mostrar que “a Catalunha não pertence” aos separatistas, de acordo com as palavras de Laura Peña, vendedora de 26 anos que participava da passeata em Barcelona.
“Todos os anos, saímos com a bandeira espanhola no dia do feriado nacional, e hoje temos mais uma razão que é a de defender a unidade nacional. A independência da Catalunha afetaria todos nós, não apenas os que vivem na Catalunha”, acrescentou Raquel Martinez, uma estudante de 18 anos nascida na Andaluzia.
A crise mobiliza, também, a extrema-direita. Cerca de 350 radicais queimaram bandeiras separatistas em um pequeno protesto em Barcelona. Além disso, dois pequenos grupos de manifestantes entraram em confronto no centro de Barcelona e jogaram cadeiras uns nos outros antes de a polícia chegar para apartá-los. Ainda não se sabe o que desencadeou a briga e quem exatamente estava envolvido.
A tensão entre Catalunha e Madri aumentou desde a organização do plebiscito proibido pela Justiça, marcado pela violência policial. A organização Human Rights Watch criticou, nesta quinta-feira, a violência contra os manifestantes que estavam concentrados em colégios eleitorais. Os separatistas afirmam ter vencido o pleito com 90% dos votos e uma participação de 43%, números não verificáveis na ausência de uma comissão eleitoral independente. ν