Um crime ocorrido em uma escola de New Jersey no início do mês está gerando debate em escolas de Broward, na Flórida. Adriana Kuch, 14, foi violentamente atacada por uma gangue de estudantes no corredor da Central Regional High School (CRHS), em Berkeley Township, dia 1º de fevereiro. O vídeo do ataque foi postado no TikTok, mostrando Adriana sendo atingida na cabeça com uma garrafa e xingada por estudantes. Dois dias depois, ela foi encontrada morta em sua casa. Em entrevista à NBC News, o pai de Adriana disse que a filha foi intimidada e assediada por anos e culpou a inação da escola sobre o suicídio da filha.
Os participantes do ataque de Adriana, identificados no vídeo, vão responder por conspiração para cometer agressão agravada e agressão agravada. Seus nomes não foram divulgados pela polícia devido à idade dos jovens.
O caso chamou a atenção nacional, levantando debate sobre como evitar que alunos postem vídeos de luta nas redes sociais, possivelmente encorajando mais brigas ou bullying. O diretor da West Broward High, Brad Fatout, que tem registro de diversas “brigas cruéis” em sua escola, quer aplicar punição disciplinar não apenas para os alunos envolvidos na briga, mas também para aqueles que filmam as ações criminosas. Ele mandou um aviso aos pais: “Os alunos que filmam e/ou incitam uma perturbação também estão sujeitos a consequências disciplinares. Estamos implementando ativamente as regras para eliminar esse comportamento”.
Fatout quer que o distrito revise a política de celular nas escolas e o código de conduta do aluno para garantir que eles atendam à realidade atual. Mas há quem discorde do pedido do diretor, alegando que os vídeos das brigas servem como evidências para administradores, policiais e pais. “Punir esses alunos envia uma mensagem para manter os problemas da escola em silêncio”, disse o membro do Conselho Escolar Torey Alston, cujo distrito inclui West Broward High.
Atualmente, não existe uma política que proíba explicitamente a gravação de brigas, ao contrário, o código de conduta estudantil pode permitir isso em algumas situações. “Os alunos não estarão sujeitos a ação disciplinar pelo uso de dispositivos de comunicação sem fio quando usados para relatar uma situação potencialmente perigosa que comprometa a segurança dos alunos, funcionários ou propriedade”, afirma o código de conduta estudantil de Broward. “Nesse caso, qualquer registro/informação deve ser compartilhado com a equipe administrativa o mais rápido possível”, conclui.
A política proíbe o “uso indevido” de um dispositivo eletrônico, descrevendo-o como algo que “perturbe o ambiente educacional ou interfira na segurança de alunos, funcionários ou propriedades”. A disciplina pode variar de uma advertência verbal a uma suspensão, dependendo da gravidade e frequência da ofensa. “Claramente, se a filmagem for usada nas mídias sociais para intimidação, isso é absolutamente inaceitável e eu apoio a disciplina”, disse Alston.
Jayden D’Onofrio, aluno do último ano da Western High em Davie, disse que acha que os administradores podem estar se concentrando na questão errada. “Se o Conselho Escolar e os administradores da escola querem que as crianças parem de filmar brigas, que tal começarmos a investir em iniciativas de saúde mental para limitar completamente a quantidade de brigas?”, disse.
Já Sameer Hinduja, professor de criminologia da Florida Atlantic University e codiretor do Centro Nacional de Pesquisa sobre Cyberbullying encoraja as escolas a proibir a gravação de lutas, dizendo que a prática cria muitos problemas. “Sei que alguém pode argumentar que ter a evidência digital pode ajudar a informar a ação disciplinar, mas vejo muitas situações em que a gravação é usada para ganhar influência nas mídias sociais como curtidas, compartilhamentos, seguidores”, disse. Segundo o especialista, se houver um desincentivo para gravar “é possível que um ou mais espectadores chamem ajuda de um adulto mais rapidamente para evitar uma vitimização brutal”, diz.
*com informações do Sun Sentinel