Um estudo publicado pela organização Society of Family Planning revelou que as encomendas de pílulas abortivas feitas em países do exterior por mulheres americanas deu um salto de 160% nos últimos meses. O aumento, segundo a pesquisa, coincide com a anulação feita pela Suprema Corte dos EUA da jurisprudência conhecida como Roe v Wade, que garantia o direito de abortar legalmente no país. Antes da sentença, o serviço de telemedicina Aid Access, com sede na Europa, recebia uma média de 83 pedidos dos comprimidos por dia; número que aumentou para 213.
Em todo o país, ao menos 66 clínicas deixaram de fazer os procedimentos, segundo um relatório do Instituto Guttmacher, publicado no começo de outubro. Moradoras de estados onde interromper a gravidez é totalmente proibido como Louisiana, Mississipi, Arkansas, Alabama e Oklahoma são as que mais encomendaram as pílulas de fora do país, conforme o relatório.
O levantamento publicado no Journal of American Medical Association (JAMA), também indicou que os abortos em clínicas caíram cerca de 6% de abril a agosto. A Roe v. Wade foi anulada em 24 de junho. Nos estados onde o aborto permaneceu legal, o relatório apontou um aumento de 11%. O que pode indicar que mulheres de estados onde o aborto é restrito se deslocaram para para realizar uma cirurgia abortiva com um médico.
A falta de acesso a uma clínica de aborto é um problema que atinge particularmente pessoas de renda mais baixa e que não podem viajar.
Em entrevista recente à MSNBC, a senadora Elizabeth Warren, do Partido Democrata, disse que “ na América pós-Roe, o aborto é para os privilegiados. “Quando o aborto é ilegal, as mulheres ricas ainda fazem abortos. Mulheres com recursos ainda fazem abortos. As mulheres que têm tempo e que têm amigos em outros lugares ainda farão abortos”, disse ela . “Então, o que essa lei realmente trata é do não aborto para mulheres pobres ”, declarou.
A legislação Roe V. Wade foi cancelada após 50 anos de vigência nos EUA. A decisão, transformou o cenário da saúde reprodutiva nos EUA, transferindo para os estados o poder de definir se o aborto é ou não permitido. Quase metade já aprovou leis que proíbem ou restringem a interrupção da gravidez indesejada em alguma medida.