DA REDAÇÃO – Após o anúncio de Donald Trump na terça-feira (5) de que o programa DACA será cancelado, caso o Congresso Nacional ratifique seu ato administrativo, o pânico se instalou entre a comunidade de imigrantes. O DACA foi aprovado há cinco anos por Barack Obama com objetivo de proteger contra a deportação os imigrantes indocumentados que tenham chegado aos EUA quando menores de idade. Cerca de 800.000 jovens enraizados no país, estudantes e trabalhadores, ficariam sujeitos à expulsão. As grandes empresas enviaram carta ao presidente pedindo proteção para os chamados dreamers (sonhadores), por considerá-los “vitais para o futuro de nossas companhias e nossa economia”.
O programa concede permissão renovável de dois anos para a permanência nos EUA, sem restrições, para continuar a estudar ou trabalhar. Segundo a carta assinada por 400 executivos, a supressão do programa poderia levar à perda de 460,3 bilhões de dólares (quase R$ 1,5 trilhão) no PIB e de 24,6 bilhões de dólares nos sistemas de Seguridade Social e cobertura médica. Entre os signatários estão Mark Zuckerberg, do Facebook; Meg Whitman, da Hewlett-Packard, e Mary Barra, da General Motors.
“Eles são uma das razões pelas quais continuamos a ter uma vantagem competitiva global”, afirmam. Quando candidato, Trump disse que eliminaria o programa, coerentemente com sua campanha populista baseada na promessa de mão pesada em relação à imigração irregular.
Membros do Partido Republicano pediram a Trump que respeite o DACA. Paul Ryan, porta-voz da Câmara, recomendou ao Congresso “ajeitar” a continuidade do programa, defendido também por importantes senadores republicanos como Orrin G. Hatch (Utah) e Jeff Flake (Arizona). Entretanto, dentro do campo republicano, existem forças nacionalistas que pressionam Trump para que feche as portas aos dreamers. Uma das vozes mais poderosas contra o programa é o secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions.
Organizações civis dos Estados Unidos como um todo mantêm grande atividade em defesa do programa. Eliminá-lo por completo seria uma decisão impopular – sujeitar à deportação a infinidade de jovens na prática tão norte-americanos e integrados como os nativos – e poderia pôr Trump frente a um cenário de intensa rejeição pelos cidadãos e de maior queda de seu baixo índice de aprovação, que está na casa de 37%.
Alem dos cerca de 800.000 atuais beneficiários do programa, outros 1.8 milhão de indocumentados podem ser acolhido sem curto ou médio prazo pelo programa; um milhão deles têm no momento entre 15 e 30 anos. Os estados com mais beneficiados são Califórnia, Texas, Flórida, New York e Ilinois.