Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo revelam que Jair Bolsonaro, um dos últimos presidentes a reconhecer a vitória de Joe Biden nos EUA, teria sido orientado pelo embaixador Nestor Forster a agir dessa forma.
Em uma mensagem compartilhada no Twitter nesta terça-feira (15), Bolsonaro saudou Joe Biden como presidente e desejou os “melhores votos de esperança” para que os “EUA sigam sendo a terra dos livres e o lar dos corajosos”.
Os telegramas enviados por Forster foram encaminhados entre 5 e 12 de novembro, totalizando 22 páginas, com comentários e expectativas de aliados de Trump. Entre agosto e julho, outros dez telegramas teriam sido encaminhados pelo embaixador, contendo 54 páginas.
Segundo a reportagem, durante a apuração eleitoral, o diplomata repassou análises que enfatizavam a desconfiança no processo e, depois, com a confirmação da vitória de Biden, relatos que apostavam numa virada de mesa nos tribunais.
Nas mensagens a Brasília, e obtidas por meio da Lei de Acesso a Informação (LAI), Forster Junior atribuiu as acusações de fraudes sempre a “relatos” que disse ter ouvido. Sem citar fontes, ele registrou, no mesmo dia 6, “tráficos de cédulas eleitorais em pequena escala”, “intimidação e restrição de acesso de observadores eleitorais a locais de contagem de votos” e critérios de segurança “insuficientes” para verificação de assinaturas de eleitores em envelopes com cédulas enviados pelo correio.
“A campanha do presidente Donald Trump já robustece sua assessoria legal para promover a recontagem nos Estados-chave e ações judiciais relativas a percebidas irregularidades e denúncias de fraude na apuração de votos”, afirma o embaixador em uma das mensagens, ignorando as posições dos corpos diplomáticos em Washington
Durante a apuração, Bolsonaro demonstrou sintonia ao discurso de Trump, algo incomum na história da diplomacia nacional, a ponto de não comentar a derrota do aliado.