A morte, por overdose de ecstasy, de uma adolescente da Irlanda está causando constrangimento à embaixada do Brasil no país. A família da jovem acusa a representação diplomática de ter facilitado a fuga do namorado dela, que é de Três Lagoas (MS). Weldo Freitas de Cavalcante, 24 anos, é acusado de ter escondido, em junho de 2004, o corpo de Jamie Maughan, de 14, no quintal de uma casa em Cavan, a quatro horas de Dublin. Ele diz ter voltado ao Brasil com passagem paga pelo senador Ramez Tebet (PMDB-MS), que é da mesma cidade. O senador não se manifestou ontem.
Weldo ficou preso ano e meio, de uma pena de dois anos por estupro estatutário (sexo com menor de idade). O brasileiro viajou com um passaporte temporário, segundo as autoridades irlandesas, porque o documento original estava retido.
Legista confirma morte por overdose – A legista Margaret Bolster assegurou que Jamie morreu depois de ter consumido ecstasy, provavelmente em local diferente daquele onde estava o corpo. Segundo testemunho de outro brasileiro, Alceu Tofanell Júnior, Weldo mostrou-lhe o corpo e admitiu que a jovem morrera uma semana antes, no quarto dele, em outra casa, após usar ecstasy. O acusado teria lhe pedido para confirmar que a adolescente saíra de sua casa na madrugada do sábado 26 de junho.
Josephine Farrelly, mãe de Jamie, acredita porém que Tofanell ajudou o amigo a esconder o corpo. A investigação da morte resultou num veredito de morte acidental. O testemunho de Tofanell, dado ontem (16/02), pode mudar o rumo do caso.
“Weldo Cavalcante estava sob supervisão do Escritório da Polícia Nacional de Imigração, à espera de sua audiência nesta investigação”, disse Larry Burke, porta-voz da polícia irlandesa. ” A embaixada brasileira interveio e pagou a passagem na presença do Escritório da Polícia de Imigração. Foi um ato de absoluta covardia nacional. O embaixador do Brasil na Irlanda deve ser abordado pelo ministro das Relações Exteriores para explicar esta ação e como a citação da investigação pôde se ignorada. É uma desgraça absoluta.”
“Fui liberado, não sou foragido”, diz acusado – O brasileiro deu sua versão. ” Eu me apresentei à polícia da Imigração em Dublin, em 9 de fevereiro, como tinham me mandado. Lá, disseram que queriam me deportar. Mas quando eu disse que tinha uma passagem para o dia seguinte, avisaram que eu podia ir embora. A embaixada me levou de carro até o aeroporto, mas só fez isso. Saí da Irlanda porque me deixaram. Fui liberado, não sou foragido”, defendeu-se, confirmando que quem pagou sua passagem foi Ramez Tebet. “Ele é amigo da família. O senador consultou o Itamaraty e recebeu autorização para pagar a passagem.”