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Em sua última entrevista, Obama afirma que ‘EUA vão ficar bem’

A dois dias de deixar a Casa Branca, Obama tem 60% de aprovação em seu governo e se diz otimista com o futuro

DA REDAÇÃO, COM G1 – A dois dias de deixar a presidência dos EUA, Barack Obama, concedeu na quarta-feira (18) sua última entrevista coletiva antes de deixar o cargo. Na sexta-feira (20), ele transfere a presidência a Donald Trump. Usando suas filhas como exemplo para garantir que é otimista em relação às próximas gerações, o presidente se disse confiante em relação ao futuro do país. “Acredito que existam mais pessoas do que ruins… é verdade que em privado eu xingo muito mais do que em público. Às vezes fico triste e frustrado, como todo mundo, mas em meu coração acredito que os Estados Unidos ficarão bem”, afirmou.

Obama elogiou a imprensa e ressaltou a importância de sua liberdade, dizendo que ela pressiona os que estão no poder a serem as melhores versões de si mesmos. Em relação à comutação da pena de Chelsea Manning e o vazamento de informações do governo, ele afirmou não acreditar que a libertação da militar possa animar ninguém que esteja disposto a fazer o mesmo que ela. “Ela passou por um processo muito duro”, ressaltou e disse que sua sentença foi desproporcional às que outros acusados por crimes semelhantes receberam.

“Estou confortável que a justiça foi cumprida e que a mensagem foi enviada em relação à segurança nacional”, afirmou. Ele acrescentou que a proposta de Assange, fundador da WikiLeaks, que disse aceitar ser extraditado em troca da liberdade de Manning, não foi levada em conta na comutação.

Transição

Obama prometeu um processo pacífico de transição do poder a Trump, mas dezenas de congressistas democratas já anunciaram que irão boicotar a posse do Republicano. O presidente disse que teve conversas “cordiais” e muitas vezes longas com seu substituto, e que ofereceu seus melhores conselhos, mas que não pode afirmar se ele os seguirá e que também não revelará o teor das conversas.

Obama disse ainda acreditar que Trump pode mudar suas posições em relação a alguns assuntos e “chegar às mesmas conclusões que eu cheguei”. O presidente reforçou também a importância de uma equipe competente e forte. “Este é um trabalho de tanta magnitude que você não pode fazer  sozinho. Você depende muito de um time”.

Quanto ao boicote de democratas à posse, ele disse que não iria comentar o assunto, mas garantiu que ele e Michelle estarão lá, brincando que já checou a previsão climática e se assegurou de que não fará tanto frio quanto no dia de sua primeira posse.

Vida após a presidência

Sobre suas prioridades após deixar o cargo, Obama disse que pretende passar mais tempo com suas filhas e a mulher, com quem completa 25 anos de casamento este ano, e que deve escrever, observar os acontecimentos e também absorver com mais calma tudo o que passou em seus oito anos na Casa Branca.

Ele afirmou ainda que pode se sentir impelido a se manifestar se sentir que alguns valores centrais estiverem correndo risco, como por exemplo no caso de uma institulização de alguma forma de preconceito racial, de obstáculos para que pessoas votem, de restrições à liberdade de imprensa ou a rejeição aos filhos de imigrantes.

Obama justificou sua decisão de encerrar a política de “pés secos, pés molhados” em relação a imigrantes cubanos, afirmando que a reaproximação dos países e a abertura de viagens entre eles pesaram no momento de avaliar porque cubanos ainda tinham um programa que não beneficia imigrantes de outros países da América Latina. Segundo ele, a política representava “um antigo modo de pensar que não fazia mais sentido”.

Aprovação

Obama deixará o cargo na sexta-feira (20) com a aprovação de 60% dos americanos, segundo pesquisa CNN/ORC divulgada nesta quarta-feira (18). Comparado com ex-presidentes recentes de saída, Obama é superado apenas por Bill Clinton (66% em janeiro de 2001) e Ronald Reagan (64% em janeiro de 1989).

O índice de 60% é o melhor de Obama desde junho de 2009, de acordo com as pesquisas CNN/ORC. Na medição do instituto Gallup, no entanto, Obama atingiu o pico de 69% dias após tomar posse, em janeiro daquele ano.

A presidência de Obama é vista como um sucesso por 65% dos americanos —desses, 49% acham que o sucesso é devido a características pessoais de Obama.

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