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Em Portugal, Lula condena invasão russa na Ucrânia e cobra reformulação do Conselho de Segurança da ONU

Em tom diferente do que adotou nas últimas viagens internacionais, Lula negou ter igualado a responsabilidade da Rússia e da Ucrânia pela guerra e pediu "ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional"

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, encerrou a viagem a Portugal nesta terça-feira (25) com um discurso no parlamento português. Em sua primeira visita à Europa neste terceiro mandato, Lula celebrou a retomada da diplomacia brasileira junto a comunidade internacional. “Tenho viajado o mundo para reencontrar nossos parceiros. E tenho reafirmado que o Brasil que todos sempre conhecemos voltou à cena internacional. Um país que não aceita que o seu povo passe fome e que tem consciência de sua responsabilidade na segurança alimentar mundial, pela diversidade e dimensão de seus recursos naturais”, disse o petista.

Em seu pronunciamento, Lula voltou a condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, em tom diferente do que adotou nas últimas viagens internacionais. Dessa vez, Lula negou ter igualado a responsabilidade da Rússia e da Ucrânia pela guerra e pediu “ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais”. Na semana passada, porém, o petista disse durante uma visita aos Emirados Árabes Unidos que a Ucrânia tem responsabilidade pelo início do conflito e que os Estados Unidos e a Europa são responsáveis por prolongar a guerra.

“Quem acredita em soluções militares para os problemas atuais luta contra os ventos da História. Nenhuma solução de qualquer conflito, nacional ou internacional, será duradoura se não for baseada no diálogo e na negociação política. O Brasil compreende a apreensão causada pelo retorno da guerra à Europa. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Acreditamos em uma ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais”, disse. “Ao mesmo tempo, é preciso admitir que a guerra não poderá seguir indefinidamente. A cada dia que os combates prosseguem, aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas, a destruição de lares. As crises alimentar e energética são problemas de todo o mundo. Todos fomos afetados de alguma forma pelas consequências da guerra. É preciso falar da paz. Para chegar a esse objetivo, é indispensável trilhar o caminho do diálogo e da diplomacia”, prosseguiu.

No discurso, Lula também cobrou a reformulação do Conselho de Segurança da ONU. “Assim como os portugueses, nós brasileiros assumimos um compromisso absoluto com o multilateralismo. Esse compromisso nos força a reconhecer que as ferramentas da governança global se têm mostrado inadequadas para fazer frente aos desafios atuais. O Conselho de Segurança das Nações Unidas encontra-se praticamente paralisado. Isso ocorre porque sua composição, determinada ao fim da Segunda Guerra Mundial, 78 anos atrás, não representa a correlação de forças do mundo contemporâneo”, afirmou.

“Por isso, defendemos uma reforma que resulte na ampliação do Conselho, de maneira a que todas as regiões estejam representadas de forma permanente, de modo a torná-lo mais representativo em seu processo deliberativo e mais eficaz na implementação de suas decisões”, defendeu Lula.

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