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Em meio ao caos: a realidade de Los Angeles e a lenta jornada de retorno

Os incêndios em Los Angeles ainda estão ativos. Nesta segunda-feira, os dois principais focos, em Pacific Palisades e Eaton/Pasadena, estão apenas 13% e 27% contidos, respectivamente. E as chamas nessas áreas continuam sendo monitoradas ativamente.

Os ventos que atingiram Los Angeles na semana passada estão previstos para retornar, o que pode continuar a propagação das chamas pela cidade, que já tem áreas em ruínas. Imagem: Reprodução TV

Recebi o convite de uma amiga que faz aniversário hoje. Ela quer comemorar, mas junto com o convite, enviou um pedido de desculpas: não parece fazer sentido celebrar em meio ao caos que Los Angeles enfrentou nos últimos seis dias.

Hoje, depois de três dias fechadas, as escolas retomaram as atividades. No caminho para levar meus filhos, encontrei as mesmas pessoas, o céu azul, o sol. Mas a paisagem relembra os ventos que castigaram a cidade na terça-feira, chegando a atingir 110 km/h em algumas regiões: folhas, galhos, pedaços de telhados, calhas e outros destroços espalhados pelas ruas e calçadas.

No celular, o Watch Duty, o aplicativo com informações sobre os incêndios, acessado exaustivamente por mais de 7 milhões de pessoas nesses últimos seis dias, continua a enviar notificações. Agora, finalmente, com notícias sobre o progresso na contenção do fogo. E continuam a chegar mensagens do Brasil: “Você está bem?”, “Sua casa está perto dos incêndios?”. Nos grupos das comunidades locais, uma rede ativa pergunta: “Você precisa de algo?”, “Sua energia já voltou?”.

Mas existe uma outra realidade, mais dura, que é ver as estatísticas dos jornais tão próximas: colegas, conhecidos, impactados de verdade, que perderam suas casas e, junto com elas, suas memórias e a sensação de segurança.

É difícil ter a dimensão do acontecimento, a sensação de “a ficha caiu”. Na quarta-feira passada, enquanto ainda estava sem luz, fui trabalhar na casa de uma amiga que me ofereceu seu Wi-Fi e uma xícara de café quente. Ainda não se tinha noção real dos estragos, mas estávamos acompanhando pela TV. Recebi logo ali um e-mail do coral do qual faço parte, o Pasadena Chorale, cuja sede é a 30 quilômetros daqui: “Nosso bairro foi devastado por um incêndio que começou há 17 horas e já queimou quase 11.000 acres. Todos os residentes estão sob ordem de evacuação. A Community Church foi destruída.” Ao mesmo tempo, vi a imagem no noticiário: a igreja em chamas, os repórteres perigosamente perto, caminhões de bombeiro passando, tentando dar conta de um bairro inteiro queimando.

Passados esses 6 dias, o fogo continua ativo em diferentes focos. Mais de 7 mil bombeiros trabalham sem parar, envolvidos no controle das chamas.

Aqui, continuo a salvo. Mas vai levar muito tempo para que a vida volte ao que podemos chamar de normal.

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