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Em busca do sonho americano, brasileiro passa três meses preso depois de pular muro na fronteira

Paulista foi mandado de volta para o Brasil em voo com outros brasileiros deportados

Wellington Aleixo foi preso ao tentar atravessar a fronteira FOTO EPITACIO PESSOA/ESTADAO CONTEUDO.
Wellington Aleixo foi preso ao tentar atravessar a fronteira FOTO EPITACIO PESSOA/ESTADAO CONTEUDO.

O cerco para imigrantes que tentam ingressar nos Estados Unidos pela fronteira com o México está se fechando a cada dia. O brasileiro Wellington Waldecy de Oliveira Aleixo, de 28 anos, sentiu na pele o drama de tentar desafiar a reforçada segurança da fronteira de Tijuana, no México, e foi capturado ao pular o muro em setembro do ano passado. As informações são do Estadão.

Depois de pular o muro, ele enfrentou um calor escaldante de dia e as temperaturas baixas de noite, sem ter o que comer ou beber, Aleixo se desesperou. No quarto dia, urinou num saco plástico e bebeu. “Tenho vergonha de contar isso, mas não tinha mais o que fazer”, relembra. No dia seguinte, quando foi abordado e rendido por uma patrulha. “Eu esperava ser enviado rapidamente de volta para o Brasil, mas não foi o que aconteceu.”

Preso pela patrulha da fronteira, Wellington ficou quase três meses incomunicável e sem assistência, misturado a presos comuns, antes de ser expulso, em 22 de dezembro. “Passei fome, frio e fui tratado pior que bandido, como se fosse um animal. Não faço isso nunca mais”, disse.

Durante quase dez dias, Aleixo ficou nas mãos de autoridades federais em dois estados até ser levado para um presídio em Houston, no Texas. O brasileiro diz que dividiu uma cela com 70 presos e sua nacionalidade o ajudou. “Tinha condenado a 15 anos, outros com estiletes, mas fui bem tratado porque gostavam de falar de futebol, do Pelé, Romário, Roberto Carlos e Neymar. Foi o que me salvou.”

Sonho americano

Casado e pai de três filhos, Aleixo decidiu tentar a vida nos EUA depois de perder o emprego como coletor de lixo numa empresa de Sorocaba (SP). Ele se informou sobre as opções de cruzar a fronteira pela internet e comprou uma passagem de avião para Tijuana, na fronteira com a cidade de San Diego (CA).

“Só parentes mais próximos ficaram sabendo da minha intenção. Aos amigos e à imigração mexicana eu disse que estava de férias e ia pegar uma praia”, relatou ao Estadão. Ele conta que foi direto do aeroporto para a fronteira com cinco brasileiros que conheceu no voo.

Em meados de dezembro, um guarda de origem hispânica permitiu que ele usasse um telefone para ligar para o Brasil. Um irmão de Aleixo atendeu. “Ele até chorou. Ninguém sabia o que tinha acontecido comigo. Meus filhos achavam que o pai deles tinha morrido”, explica.

Em 22 de dezembro, Aleixo embarcou com outros dois brasileiros, também deportados, com destino a São Paulo. “Estou decidido a enfrentar a vida aqui mesmo. Descobri que o sonho americano é ilusão”, disse.

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