Marcus Coltro

DÓLAR POR LA FOTO!!!

O Equador foi um dos primeiros países “exóticos” que visitei no começo dos anos 90. A primeira viagem foi em 1991, e voltamos diversas vezes. Em uma dessas vezes passamos pelas montanhas próximas à Quito – estradas meio precárias à época, mas com paisagens magníficas! Fomos com dois mergulhadores e de vez em quando parávamos para tirar fotos e “água do joelho”. Eu ainda carregava duas máquinas comigo, uma Yashica SRL com slides e uma compacta com filme 35mm – as melhores fotos eu deixava para tirar com a SRL, tinha mais ajustes e as imagens ficavam bem bonitas. O problema é que a máquina era totalmente manual, para fazer uma boa foto eu tinha que ajustar abertura, velocidade e foco em cada momento – e eu sempre tirava mais que uma foto quando percebia que poderia modificar o efeito final.

Em uma das paradas para aliviar a bexiga vimos um ônibus de turismo parado à beira da estrada, na beirada de um barranco. Estacionamos do lado oposto da estrada e fomos olhar para o vale abaixo–havia uma reunião muito grande de pessoas vestidas com roupas típicas da região, muito coloridas e alegres. Voltamos para o carro para pegar as câmeras e ficamos no alto do penhasco tirando fotos do pessoal lá embaixo, a uns 100 metros de distância. Eu demorei alguns segundos até ajustar a máquina e eis que um deles olha para cima e nos vê, imediatamente soltando um berro “DOLAR POR LA FOTO!!!!” e a multidão inteira começa a correr em nossa direção gritando e agitando os braços!

Nós três saímos voando de volta para o carro – e meu irmão ainda estava do lado de fora, terminando de se usar o “banheiro”. De longe começamos a gritar “ENTRA NO CARRO, ENTRA NO CARRO!!!”. Apesar de não ter entendido nada, ele percebeu nossa cara de pânico – mal abriu o carro, entramos e de repente a multidão já estava quase à nossa volta. Foi o tempo de ligar o carro e arrancar, mas um dos furiosos perseguidores chegou a tempo de dar um tapão no vidro traseiro do carro e berrando sem parar! O impressionante foi a velocidade com que aquele monte de gente subiu a montanha em nossa direção, e digamos que suas roupas não pareciam ser muito adequadas para correr morro acima. Por sorte estávamos estacionados do lado oposto do ônibus, senão era capaz de eles entrarem para nos perseguir…

Obviamente não queríamos desrespeitá-los ou algo assim – e estávamos a uma longa distância onde seria impossível identificar qualquer um deles na foto, seria como tirar foto de uma multidão à distância. E nem poderíamos ter ficado esperando para pagar alguma coisa, eles provavelmente nos tirariam a roupa do corpo e depenariam o carro!

O pior de tudo é que não consegui encontrar a foto que fiz – deve estar em uma das caixas de slides perdidas no meio do zilhão que tenho no escritório – mas estas outras no texto foram feitas na mesma viagem.

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