Na quarta, 4, o dólar atingiu um novo recorde histórico, ultrapassando a marca de R$ 6 pela primeira vez. Na cotação dessa quinta, 5, fechou a R$ 6,01. Diversos fatores, tanto internos quanto externos, contribuíram para essa alta significativa.
No cenário interno, um dos principais motivos apontados é o pacote de cortes de gastos anunciado pelo governo federal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou medidas que visam economizar R$ 70 bilhões em dois anos, no entanto, elas não foram bem recebidas pelo mercado.
“Havia a expectativa que o pacote trouxesse ações mais efetivas na política fiscal e no corte de gastos, o que não ocorreu. Com o déficit contínuo, o mercado busca ajustes usando para isso a inflação e o câmbio. O câmbio funciona como um termômetro do contexto econômico, ele só mede a febre”, explica o economista Fabio Pina, da Fecomercio SP.
Segundo o economista, a fórmula adotada pelo governo de crescimento baseado em consumo aliado a uma política fiscal sem ajustes nos gastos públicos resulta em alta de inflação e na valorização da moeda americana, o que já ocorreu durante o segundo mandato da presidente Dilma Roussef.
“Não acredito que o dólar vai explodir pra R$6,50, a não ser que tenhamos uma notícia pior nesse contexto, o não está no radar. A moeda também não voltará ao patamar de R$ 5,50 enquanto não houver uma boa notícia. Além disso, já sabemos que a inflação foi elevada em novembro e seguirá assim em dezembro”, ressalta.
Outro ponto a ser considerado de acordo com o analista é que o atual ambiente político no Brasil contaminou com ideologia e polarização discussões técnicas, como as de ajustes econômicos, por exemplo. Isso tem gerado embate dentro do próprio governo e dificultado a busca por soluções efetivas.
Contexto internacional
Já no cenário externo, Pina ressalta que vivemos um momento de turbulência e instabilidade mundial, com focos de conflitos graves, como a Ucrânia – que envolve riscos nucleares – e no Oriente Médio, com uma participação mais evidente do Irã. Além disso, declarações recentes do presidente eleito Donald Trump apontam para uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.
Essa combinação de fatores faz com que os investidores busquem por opções de melhor qualidade e menor risco, o que os economistas chamam de aposta “verde-amarela”, ou seja dólar e ouro. Ambos estão com suas cotações em alta, inclusive a moeda americana foi a que mais se valorizou em relação às outras.