DA REDAÇÃO – O Brasil deixou a 69ª edição do Festival de Cannes, na Franca, que terminou no domingo (22), com um prêmio importante. O maior festival de cinema do mundo consagrou um documentário brasileiro como a melhor produção do gênero exibida nas três semanas de evento. Já o filme “Aquarius”, do cineasta Kleber Mendonça Filho, apesar de ter sido bem avaliado pela crítica internacional, acabou perdendo o prêmio principal, a Palma de Ouro, para o longa britânico “I, Daniel Blake”, de Ken Loach.
“Cinema Novo”, documentário de Eryk Rocha sobre o maior movimento cinematográfico brasileiro de mesmo nome, que reuniu nos anos 60 nomes como Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos, venceu no sábado o L’Oeil D’Or, premiação paralela que premia o melhor documentário de todo o festival.
A produção conta a história do movimento através de imagens de arquivo e trechos de 130 filmes que fizeram parte do movimento, como os clássicos “Terra em Transe”, “Vidas Secas” e “Rio, 40 Graus”. “Era um movimento de futuro, que questionava qual é o lugar da política e do cinema no mundo em que se vive. Se o filme criar esse espaço de reflexão, já me dou por satisfeito”, disse, ao portal UOL, o diretor, em Cannes.
Outra produção brasileira que deixou Cannes com boa imagem foi o curta-metragem “A Moça Que Dançou com o Diabo”, de João Paulo Maria Miranda. Ao narrar o périplo de uma jovem criada em seio religioso para buscar seu próprio Paraíso, o diretor quebra padrões de representação social, construindo uma reflexão irônica. O curta, de 14 minutos, conta a história de uma menina que pertence a uma família muito religiosa e sai em busca de seu próprio paraíso. O curta ganhou menção-honrosa.
‘Aquarius’
A mesma sorte não teve o badalado longa “Aquarius”, do brasileiro Kleber Mendonça Filho. Estrelada por Sonia Braga, a produção perdeu a Palma de Ouro (prêmio principal do festival) para o longa britânico “I, Daniel Blake”. Apesar de não ter levado o premio, “Aquarius” recebeu grandes elogios da critica internacional, e Sonia teve sua atuação elogiada por revistas como “Variety” (que escreveu que a atriz está “incomparável” no papel) e “The Hollywood Reporter” (que considerou sua escolha para o papel como “perfeita”).
Sem data de estreia prevista para os Estados Unidos, “Aquarius” conta a história de Clara, que mora de frente para o mar no último prédio de estilo antigo da praia de Boa Viagem, no Recife. Jornalista aposentada e escritora, viúva com três filhos adultos, ela enfrenta as investidas de uma construtora que quer demolir o prédio e dar lugar a um novo empreendimento.
O filme marcou o retorno do Brasil a Cannes, depois de oito anos. A última vez tinha sido com ”Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas em 2008. Em 2012, “Na Estrada”, coprodução internacional dirigida por Salles e rodada em inglês, também competiu.