Kimberly Cheatle, diretora do Serviço Secreto dos EUA, pediu sua demissão após críticas sobre falhas de segurança relacionadas ao recente atentado contra o ex-presidente Donald Trump. Cheatle tomou a decisão de deixar o cargo em meio a investigações por parte de legisladores e um órgão de fiscalização interna do governo, que estão examinando como o Serviço Secreto lidou com a proteção de Trump e o modo como um atirador quase conseguiu matar o candidato republicano à presidência de 2024 durante um comício na Pennsylvania.
Em sua carta de renúncia, Cheatle expressou que a decisão foi “difícil” e que não deseja que sua saída desvie a atenção dos agentes de sua missão principal. “À luz dos eventos recentes, é com um coração pesado que tomei a difícil decisão de me afastar como Diretora”, afirmou Cheatle. Ela admitiu que, no dia 13 de julho, data do tiroteio, a agência “falhou” em sua missão de “proteger os líderes da nossa nação”.
O presidente Joe Biden expressou, em comunicado, sua gratidão pelo serviço público de Cheatle e anunciou que um novo diretor será nomeado “em breve”. Biden elogiou Cheatle, destacando que “como líder, é necessário honra, coragem e integridade para assumir total responsabilidade por uma organização encarregada de um dos trabalhos mais desafiadores no serviço público”.
O Congresso, por sua vez, tem clamado pela renúncia de Cheatle, com pressionamento por parte de legisladores republicanos para seu impeachment. A insatisfação aumentou após sua audiência perante o Comitê de Supervisão da Câmara, onde Cheatle se mostrou relutante em responder a diversas questões do comitê.
Durante sua aparição na Câmara, Cheatle reconheceu que houve “problemas significativos” e “colossais” com a segurança no comício, mas ainda assim resistiu a pedidos de sua demissão. “Acredito que sou a melhor pessoa para liderar o Serviço Secreto neste momento”, afirmou Cheatle.
O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, comentou que a renúncia era “tardia” e destacou a necessidade de reconstruir a confiança do povo americano na agência. “Temos um trabalho enorme pela frente”, disse Johnson, enfatizando a responsabilidade crítica do Serviço Secreto na proteção de presidentes, ex-presidentes e outros oficiais do executivo.
Cheatle, que havia sido nomeada por Biden em 2022 após deixar seu cargo na PepsiCo, havia demonstrado firmeza em não renunciar inicialmente. Ela alegou que o Serviço Secreto era “única e exclusivamente responsável” pelo planejamento e execução da segurança no local do comício na Pensilvânia, onde o atirador disparou de um telhado não seguro, a poucos metros do palco.
O incidente deixou um morto e outros feridos, além de uma bala atingir a orelha de Trump. As discrepâncias entre o Serviço Secreto e a polícia local sobre os eventos do dia e as falhas na segurança têm sido alvo de escrutínio contínuo.
Cheatle comprometeu-se a cooperar totalmente com as investigações em curso sobre a atuação da agência naquele dia.